A revelação de grupos que socializam informações sobre a localização das blitze de trânsito provocou debate e polêmica nas redes sociais, na terça-feira, dia 23. O assunto veio à tona depois que o Santa retratou três comunidades no Facebook e o aplicativo Waze para postagens de onde estão as fiscalizações. O assunto se propagou na internet com mais de 80 comentários e 60 compartilhamentos. Especialistas avaliam que falta conscientização.

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A maioria dos usuários do Facebook que comentou as publicações é contra as operações e critica a divulgação das ferramentas feita pelo Santa. Argumentam que fazer blitze é uma maneira de arrecadar dinheiro e que faltam ações educativas. Consideram grosseira a abordagem dos guardas de trânsito. Há uma minoria que apoia a fiscalização ostensiva e é contra as publicações em redes sociais ou aplicativos que alertam sobre fiscalizações.

Tanto o grupo blitz24h quanto o Blitz em Blumenau tiveram publicações informando fiscalizações, ontem. No fim da manhã, o grupo blitz24h, que tinha 1,4 mil integrantes, excluiu os três jornalistas do Santa. O segundo, com 300 integrantes, levantou a discussão em torno da circulação de informações sobre operações nas redes sociais.

Diogo Picchioni Soares, mestre em Psicologia e psicólogo da Polícia Civil de Santa Catarina, defende o debate e a polêmica sobre este tema. Um traço muito comum do motorista, segundo ele, é projetar a culpa para as instâncias de controle externo:

– O condutor não assume a parcela de responsabilidade dele. Há uma tendência muito forte em canalizar para fora dele a culpa da sua falta de êxito, até o momento que for vítima de algum acidente – explica.

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A coordenadora de Campanhas Educativas do Departamento de Trânsito (Detran) de Santa Catarina, Rosângela Bittencourt, segue na mesma linha de Soares e explica que quando existem blitze nas ruas, as pessoas sabem que podem ser punidas se fizerem algo errado. Com isso, tendem a cumprir a lei:

– A multa só existe porque as pessoas têm comportamentos infratores. Se tudo funcionasse direitinho, não precisaria fazer nada disso. O que falta é a consciência de risco da população. Quando se está no trânsito, todas as pessoas são responsáveis. É uma cultura que a gente tem que mudar.

Segundo a coordenadora, o principal trabalho educativo do Detran é ensinar as crianças de todas as cidades catarinenses a viver em sociedade no espaço público e isso inclui resgatar os valores de convivência social. Para ela, é uma proposta ousada e que leva tempo, mas é uma das maneira de construir a responsabilidade nos pequenos e futuros motoristas.

Agentes passam por reciclagem

O coordenador da equipe de Fiscalização Ostensiva da Guarda de Trânsito de Blumenau, Tarcísio dos Santos, conta que acompanha as publicações em redes sociais e aplicativos. Por isso, a equipe muda diversas vezes de lugar durante as operações. Ele explica que há, constantemente, aulas de reciclagem para melhorar a abordagem nas operações:

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– Esses cursos servem para que os guardas atuem de forma cortês. O motorista, por diversas vezes, já está exaltado na hora que é abordado. Aconselho a eles que sempre mantenham a calma, até mesmo nesses casos.

(Colaboraram Raquel Vieira, Priscila Sell e Chirlei Kohls)

AVISAR É CRIME?

– Especialistas afirmam que criar e participar de grupos que informam os locais das blitze não é crime

– Usar a luz alta para avisar outros motoristas das operações de fiscalização consta no Artigo 251 do Código de Trânsito Brasileiro como infração média, passível de multa

– O Código também considera ilegal o uso do chamado antirradar, popular nos anos 90. Conforme o Artigo 230, estes casos são considerados infração gravíssima. A penalidade é multa e apreensão do veículo

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Fonte: Código de Trânsito Brasileiro e Guarda de Trânsito de Blumenau