É o fim do começo ou o começo do fim, questiona Ozzy Osbourne na abertura de 13, disco do Black Sabbath que realiza o sonho dos fãs em ver outra vez o indestrutível maluco beleza à frente daquela que é uma das bandas fundamentais da história, não apenas da vertente ruidosamente mais pesada do rock.
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As dúvidas existenciais cantadas por Ozzy em End of the Beginning podem ser espelhadas na expectativa de o quanto esta reunião irá adiante, visto o rico histórico de turbulências entre as partes. Então, no espírito de que seja infinito enquanto dure a chama das velas, vale festejar com muito barulho.
E não poderia se esperar menos estardalhaço, midiático e sonoro, desse novo álbum, que tem lançamento oficial nesta segunda-feira, inclusive no Brasil. No embalo, o Sabbath já caiu na estrada e chega ao país em outubro para três apresentações, a primeira delas em Porto Alegre, dia 9, no estacionamento da Fiergs – segue depois para São Paulo (11) e Rio de Janeiro (13).
A festa só não é mais completa porque Bill Ward, 65 anos – baterista da formação original do quarteto britânico ao lado de Ozzy, 64, do guitarrista Tony Iommy, 65, e do baixista Geezer Butler, 63 – não topou participar do reencontro, por divergências contratuais. No entanto, está muito bem substituído por Brad Wilk, baterista do Rage Against the Machine.
Nas oito faixas de 13 – a versão especial, em CD duplo traz outras três -, está a essência da banda registrada nos discos fundamentais com Ozzy, de Black Sabbath (1970) a Sabotage (1975). Se tornou folclórica sua postura de tiozão sequelado, o figuraça segue com a voz em dia e no seu timbre característico.
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A responsabilidade do Sabbath com esse esperado retorno era o de não macular a imagem da banda com um disco fraco, como o último com Ozzy, Never Say Die! (1978) – em 1998, eles gravaram duas faixas inéditas para o álbum ao vivo Reunion.
E a banda cumpre com sobra essa alta expectativa. Chama a atenção no repertório (veja destaque abaixo) a duração das músicas, várias com mais de sete minutos e em baixa rotação, velocidade que parece ajustada para arrastar o peso de tanta história.
Diante da qualidade sonora da produção assinada por Rick Rubin, é bacana imaginar como soariam hoje os petardos setentistas do Sabbath com recursos semelhantes. Em vez de imaginar, melhor deixar 13 correr do início ao fim, no volume mais alto possível – Ozzy e sua turma vão jogar em óleo fervente quem ouvir em caixinhas de som de computador ou fonezinhos mixurucas de celular.
13
Black Sabbath
> Rock, Universal, CD em versão normal, com oito faixas (R$ 27,90), e dupla, com 11 faixas (R$ 33,90).
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> Cotação: quatro de cinco estrelas
Faixa a faixa
End of the Beginning
> Começo lento, até engatar a marcha característica do velho Sabbath ao longo de oito minutos
God Is Dead?
> Na mesma toada prolongada, poderosa e lúgubre
Loner
> Tony Iommy arranca de sua Gibson SG um riff daqueles de provocar lágrimas
Zeitgeist
> Risadinha de Ozzy cita Sweet Leaf, de Master of Reality (1971). Faixa acústica na linha de Sleeping Village, de Black Sabbath, e Planet Caravan, de Paranoid
Age of Reason
> A sonoridade soturna da faixa é coroada por um belo solo de Iommi
Live Forever
> Tem aquela cadência capaz de lavantar defuntos, como Children of the Grave (de Master of Reality)
Damaged Soul
> O DNA da banda surge nesse blues com distorção, gaitinha, solo épico de Iommi e cozinha de Butler e Wilk em primeiro plano
Dear Father
> Em clima de chuvas, trovoadas e sino de igreja, Ozzy solta mais a voz e Wilk brilha nos tambores
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Methademic*
> Faixa acelerada que lembra bandas influenciadas pelo Sabbath
Peace of Mind*
> Vigor que leva aos primeiros clássicos da banda
Pariah*
> Outro riff marcante de Iommi para emocionar fãs saudosos
*Disponíveis apenas no CD duplo
O show em Porto Alegre
> Os ingressos para o show, no dia 9 de outubro, às 20h, no Estacionamento da Fiergs (Assis Brasil, 8.787), custam R$ 220 (pista – 3º lote) e R$ 500 (pista premium). Desconto de 50% para idosos e de 20% para estudantes.
> Pontos de venda: loja Multisom (Andradas, 1.001; de segunda a sexta, das 11h às 19h, sábado, das 9h às 17h), My Ticket Centro (Andradas, 1.425; de segunda a sexta, das 9h às 18h, e no sábado, das 9h às 14h), My Ticket Moinhos (Padre Chagas, 327; de segunda a sexta, das 9h às 18h, e no sábado, das 10h às 15h), Fnac do BarraShoppingSul (Diário de Notícias, 300; de segunda a sábado, das 11h às 20h, e domingo, das 13h às 18h), pelo call center 4003-5588 (segunda a sábado, das 9h às 21h) e pelo site www.ticketsforfun.com.br (há cobrança de taxas, exceto na loja Multisom).