O bispo Juan Barros, cuja renúncia foi aceita pelo Papa Francisco em junho passado, depôs nesta quinta-feira sob a condição de indiciado no caso de encobrimento de abusos sexuais cometidos na Igreja Católica chilena.
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O religioso depôs durante três horas e meia na brigada de Crimes Sexuais da Polícia de Investigações (PDI) sobre os abusos cometidos pelo capelão Pedro Quiroz, seu subordinado durante mais de uma década e até 2015.
“Fui ouvido sobre o padre Pedro Quiroz (acusado de abuso sexual contra um menor) e disse o que poderia dizer. Declarei ao senhor promotor o que sabia e o que desconhecia e esperemos que (…) a verdade venha à luz”, declarou Barros, ex-bispo de Osorno, aos jornalistas.
O promotor Raúl Guzmán confirmou que Barros depôs como indiciado por “fatos que ocorreram em paróquias (…) em datas e cujas vítimas ainda são matéria de investigação”.
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Barros é um dos envolvidos no furacão de denúncias que abalou a igreja chilena por ter encoberto diversas denúncias de pedofilia nos anos 1980 e 1990 contra o influente padre Fernando Karadima.
Karadima – formador de vários bispos e do qual Barros era discípulo – foi suspenso por toda a vida pelo Vaticano em 2011.
Durante sua visita ao Chile em janeiro passado, Francisco defendeu Barros, mas mudou sua posição após receber um relatório com o depoimento de vítimas elaborado pelo arcebispo de Malta Charles Scicluna, que foi ao Chile investigar as denúncias.
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Ao menos 119 casos de crimes sexuais cometidos por membros da Igreja Católica são investigados no momento no Chile, segundo a Procuradoria.
Entre os 167 indiciados nestas investigações, há sete bispos da Igreja Católica do Chile e 96 padres.
A Procuradoria também investiga quatro diáconos, 30 religiosos “não-sacerdotes”, 10 leigos e 20 pessoas das quais não há informação.
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O número de vítimas vinculadas aos casos sob investigação é estimado em 178, das quais 79 são crianças e adolescentes.
* AFP