Com tiragem de 100 mil exemplares, chega entre este sábado e o domingo às livrarias de todo o país a aguardada biografia autorizada de Paulo Coelho. O número é expressivo para o mercado editorial brasileiro, mas trivial para o mago. Esta, no entanto, tem tudo para ser a obra mais vendida entre as que envolvem o nome do escritor. Isso porque, além de agradar aos fãs, deve impressionar também quem gosta de boa literatura.

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O pesado volume O Mago – A Extraordinária História do Escritor Paulo Coelho (Planeta, 632 páginas, R$ 59,90), explique-se, leva a assinatura do mineiro Fernando Morais, tarimbado autor de biografias e livros-reportagem, como Olga e Chatô, o Rei do Brasil. Na última quinta-feira, enquanto conversava com Zero Hora pelo telefone (confira na página 3), Morais preparava um exemplar do livro para enviar a Paulo Coelho. Selava, desta maneira, o cumprimento de uma das condições para realizar a obra: a de que o mago não a lesse antes de estar pronta. O acordo parece incompatível com a personalidade egocêntrica e controladora revelada pelo livro. Mas a quantidade de detalhes sobre temas delicados também desafiam qualquer desconfiança.

O Mago parte de um momento de auge do sucesso literário de Coelho e retrocede no tempo, contando a infância, a adolescência hippie, o flerte com o satanismo, a parceria com Raul Seixas e um momento de epifania que mudaria a vida do escritor para sempre. Os títulos dos capítulos são longos e provocativos, como o número nove, chamado Após a terceira experiência com homens, Paulo se convence: não sou homossexual. As revelações sobre o passado envolvendo homossexualismo e drogas já estão causando polêmica. Durante a semana, Morais chegou a entrar num debate sobre se Coelho seria ou não um ex-gay.

Além da vida particular, as impressões do mundo reveladas por Coelho também estão repercutindo. A Academia Brasileira de Letras – da qual o escritor é membro – anunciou que a obra não poderá mais ser lançada em seus salões, como previsto. É que, no livro, o mago não fala nada bem dos acadêmicos.

> O mago segundo o marxista

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