Na era da comunicação por tablet e celulares, a presidente Dilma Rousseff usou nesta quinta-feira o velho sistema de caneta e papel para cobrar, por escrito, duas ministras. A cena foi registrada por fotógrafos durante reunião do Conselhão, no Palácio do Planalto.
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O acerto que incomodou Dilma envolve o relator do Código Florestal, Luiz Henrique (PMDB-SC), e a bancada ruralista. “Por que os jornais estão dizendo que houve um acordo ontem (quarta-feira) no Congresso sobre o Código Florestal e eu não sei de nada?”, reclamou a presidente.
O bilhete foi endereçado às ministras Izabella Teixeira (Meio Ambiente) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais). Após receber o pito, pelas mãos do chefe do cerimonial da Presidência, Ideli respondeu: “Não houve acordo com o Congresso e o governo. A posição do governo era de defesa da MP com foco especial na escadinha (gradação da área à margem de rios que deve ser recuperada, conforme o tamanho da propriedade). O relatório votado manteve a escadinha”, explicou Ideli, na parte que pôde ser registrada pelas câmeras. Izabella também respondeu à presidente, mas não foi captada pelos fotógrafos.
Em discurso, a presidente demonstrou sua insatisfação:
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– O governo não assume responsabilidade por negociações que não foram feitas com a presença dele.
A presidente fez questão de dizer que “o governo considera importante alguns itens dessa medida provisória, entre os quais, o que chamamos de escadinha e também não vê motivos, não há motivos econômicos para que nós não mantenhamos as áreas de proteção ambiental ao longo do leito dos rios, sejam eles perenes ou não”.
Em passagem pela Expointer hoje à noite, Ideli disse não ser comum a presidente se comunicar por meio de bilhetes. Para a ministra, Dilma recorreu ao papel e à caneta porque elas não tinham conseguido falar antes do evento do Conselhão. Segundo Ideli, ela e Izabella planejavam conversar com a presidente em seguida. A ministra disse não ter ficado constrangida com o flagrante por ter se tratado de uma troca normal de informações.
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Ideli diz que não teve constrangimento
