O cheiro de café passado e de biscoitos saindo do forno são alguns dos atrativos do pequeno quiosque de vidro, montado na praça de Urupema, na Serra catarinense. Ali, quatro mulheres se revezam, diariamente, para produzir biscoitos, pastéis e doces para os centenas de turistas que visitam a região nos dias frios.
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— Aqui nós já fizemos vários amigos. Temos conhecidos do Ceará, do Rio Grande do Sul, que conhecemos por aqui — conta dona Terezinha da Silva Ribeiro, uma das integrantes do projeto Mulheres Mais.
O projeto nasceu há alguns anos após um grupo de aproximadamente 18 mulheres participarem de uma oficina no Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC). Após as aulas, foi o professor quem as incentivou para que elas colocassem em prática aquilo que aprenderam em sala de aula.
— Ele [o professor] disse “temos que seguir [com a produção]”. Na época, não tinhamos local, então faziamos [os produtos] nas casas e nos dias de frio vinhamos vender aqui na pracinha — conta Dorlete de Liz Silva da Cruz, de 55 anos, uma das fundadoras do projeto.
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Com o passar do tempo, a “fama” das quituteiras foi aumentando, até que há cerca de três anos elas ganharam o espaço no Centro da cidade, que conta com fogão, geladeira, forno e os equipamentos necessários para a produção.
— Nós formamos um grupo e, com o tempo, umas foram desistindo e agora estamos nós quatro, que somos as guerreiras que ainda estamos aqui e estamos contentes. Graças a Deus tem um bom movimento, estamos vendando, fazemos nossas coisinhas em casa e trazemos pra vender aqui — complementa.

Quem também faz parte do projeto é a irmã de Dorlete, Nazarete de Liz Silva. Apesar disso, as duas afirmam que não há briga entre elas na hora de administrar o negócio.
— Somos um grupo de quatro mulheres que estamos nos combinando muito bem. Uma aceita a opinião da outra — diz.
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Bijajica e rosca de polvilho lideram a preferência
No local, as mulheres vendem uma variedade enorme de produtos: desde o café tradicional até cachorro-quente. Mas os campeões de venda são a bijajica – rosca tradicional da região serrana – e a rosca de polvilho. E segundo Dorlete, não tem segredo no preparo.
— Ela até não tem segredo, mas eu acho que é mão, porque tudo reclama que faz e não fica igual a nossa. Ela é bem difícil de acertar, mas é bem fácil de fazer — conta.
Outro diferencial é a produção dos doces de chila – uma espécie de abóbora que lembra uma melancia – e que é cultivada na região.

A fama dos quitutes é tanta que, segundo Terezinha, moradores de outras cidades vêm até Urupema apenas para aproveitar o café do projeto.
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— No fim de semana as vezes recebemos pessoas de Lages que vem só para comer aqui. Fogem do frio de lá para vir aqui — pontua.
Um lugar que vai além da produção
O projeto funciona durante o ano todo, apesar de registrar o maior movimento durante o inverno. De acordo com Donizete, em dias frios, o local chega a ficar aberto até às 23h, para atender os turistas que se concentram na Praça de Urupema à espera de neve.
Porém, apesar de ser um das principais fontes de renda dessas mulheres, o que realmente as motiva é o amor pela produção.
— O dia que eu não venho, falta uma coisa. Trabalhar aqui é muito legal, nós damos risadas, rimos de nós mesmo, é muito bom — salienta Terezinha.
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