Quando o empresário joinvilense Rubens Siedschlag decidiu montar uma microcervejaria em Joinville, há dez anos, a cidade tinha dois estabelecimentos registrados neste setor: a dele e outra empresa criada quatro anos antes. Na época, ele fez uma previsão: em cinco anos, esse número subiria para cinco cervejarias artesanais e até 2018 seriam 12.

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Rubens acertou no palpite: esse é o número atual, contando com as empresas de Araquari e Garuva, que ficam na macrorregião de Joinville.

Somente na Bierville, a Festa da Cerveja de Joinville, que começou na última quinta-feira e vai até domingo na Expoville, das 19 marcas oferecidas ao público, seis são produzidas localmente (as 19 marcas irão comercializar cerca de 80 rótulos diferentes). E, de acordo com as projeções — de Rubens e do mercado cervejeiro — há muito potencial para ascensão do setor por muitos anos.

O palpite do cervejeiro, por exemplo, é que em sete anos Joinville tenha pelo menos 25 cervejarias artesanais. Esse crescimento é percebido em todo o país.

Nos últimos nove meses, o número de cervejarias artesanais independentes no Brasil saltou de 679 para 835, um aumento de 23% no período de dezembro de 2017 e setembro de 2018, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

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Sul concentra maior parte das cervejarias do país

A região Sul concentra o maior número de cervejarias, com 369 empresas, seguido pelos Estados do Sudeste, com 328. O Nordeste, o Centro-Oeste e o Norte, têm, respectivamente, 61, 51 e 26 cervejarias artesanais cadastradas.

— Há muitos cervejeiros produzindo sem ter partido, ainda, para a industrialização, sem registro. Se fosse considerá-los, Joinville já teria, com certeza, pelo menos 25 empresas no setor. Mas eles passarão para este lado em breve, inevitavelmente — analisa Rubens.

Rubens foi parar "no mundo cervejeiro" de forma quase acidental, assim como muitos empresários que decidiram investir no setor na última década. Empresário do ramo de produção de equipamentos para indústrias, ele era apenas um apreciador da bebida quando viajou para a Alemanha, em 2010, e se surpreendeu com cardápios diversificados de cervejas.

Potencial das cervejas artesanais

De volta ao Brasil, conheceu uma microcervejaria em Treze Tílias e percebeu o potencial das cervejas artesanais. A primeira aposta foi criar uma distribuidora deste tipo de bebida, que atuasse representando marcas de todo o Brasil.

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— Levei muitos "nãos", porque na época ainda não era comum trabalhar com o engarrafamento da cerveja artesanal, ela ficava em barril, e enviar em pequena escala não era interessante para os produtores — recorda.

Uma família americana que tentou abrir um "brew pub" — bar que produz a sua própria cerveja e que ainda não tem legislação que o regulamente no Brasil — desistiu do negócio, foi embora de Joinville e Rubens aproveitou a oportunidade: adquiriu equipamentos e foi estudar ainda mais sobre a produção cervejeira.

Quando abriu a cervejaria, em 2011, o restaurante anexo à produção — há uma separação física que existe justamente para diferenciar do conceito de brew pub — já possuía cinco opções de cervejas, em oposição aos outros bares da cidade, que trabalhavam basicamente com "chope claro e chope escuro".

— No início, os clientes eram atraídos pela curiosidade. Agora, eles já chegam com conhecimento do tipo de cerveja que gostam mais — conta.

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