Seria apenas parcialmente correto dizer que a 8ª Bienal do Mercosul será inaugurada hoje, a partir das 18h30min, no Cais do Porto, na Capital. Embora a cerimônia marque a abertura das exposições, o momento mais aguardado, a verdade é que o megaevento já vinha se fazendo notar desde o início do ano, com atividades que serviram de preparação.

Continua depois da publicidade

Com o tema Ensaios de Geopoética, esta edição se propõe uma dupla missão: refletir sobre o espaço, questionando as formas tradicionais de representação dos territórios, e transcender o período de exposições, deixando de ser um megaevento que se encerra nos dois meses de visitação. O público pôde acompanhar a Bienal tomar forma – e continuará acompanhando – visitando o blog oficial (www.bienalmercosul.art.br/blog), com entrevistas, relatos de viagens e artigos; frequentando a Casa M, um sobrado localizado no Centro da Capital com uma intensa programação cultural; e por meio de atividades e exposições dos artistas que participaram do eixo Cadernos de Viagem, em diversas cidades do Interior do Estado (cujo resultado poderá ser visto no Cais do Porto, na Capital).

Em suas primeiras declarações como curador-geral da 8ª Bienal do Mercosul, no final do ano passado, o colombiano José Roca disse que desejava desmitificar a ideia de que o evento seria um espetáculo misterioso, como se alguém simplesmente abrisse a cortina de um teatro para mostrar a peça pronta. Na véspera da abertura das mostras, Roca acredita que a equipe de curadores conseguiu criar uma “comunidade em torno do projeto”:

– Já reconheço muitos rostos quando participo de uma atividade na Casa M. Quando falo de algo que já postei no blog, vejo nos olhos das pessoas que elas haviam lido o que eu escrevi.

Continua depois da publicidade

A partir de sábado, que será o primeiro dia para visitação do público (sempre com entrada franca), essa comunidade deve crescer exponencialmente. A 8ª Bienal estará no Cais do Porto, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), no Santander Cultural e em intervenções em nove pontos da Capital (que integram o eixo Cidade Não Vista). Três espaços artísticos do Estado (em Porto Alegre, Santa Maria e Caxias do Sul) participarão de um intercâmbio com grupos de outros países. E a programação da Casa M prosseguirá com mais novidades.

Em uma visita ao Cais do Porto dois dias antes da abertura, foi possível notar uma recorrência de menções a símbolos nacionais. A proposta desta edição do megaevento é interrogar se as formas estabelecidas de delimitação geográfica – sendo o Estado-nação o exemplo mais claro – não seriam insuficientes para representar as diferenças e afinidades que vão além das linhas do globo.

– Não queremos que esta seja lembrada como a Bienal dos mapas, bandeiras e hinos. Há muito mais por trás disso. Os mapas que eventualmente aparecem são mapas ativistas, que desconstroem as narrativas oficiais – observa Roca.

Continua depois da publicidade

– O tema é um álibi para trazermos obras interessantes. Não vamos dar respostas para o que pode ser uma alternativa a uma nação. Apenas respostas parciais.

Até o dia 15 de novembro, o público poderá elaborar suas próprias conclusões a partir das obras dos 105 artistas de 31 países que participam do megaevento. Se você estava pensando em procurar um mapa para se localizar na 8ª Bienal do Mercosul, talvez agora considere criar o seu próprio.