A 29ª Bienal de Artes Visuais de São Paulo vai contar com 148 artistas e cerca de 200 obras, sob um orçamento de aproximandamente R$ 30 milhões.
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A edição 2010 da maior mostra de arte do Brasil será bem diferente em relação à anterior, marcada por uma crise que fez com que um andar inteiro do prédio do Parque Ibirapuera ficasse vazio.
Durante entrevista coletiva concedida nesta terça-feira na capital paulista, a Fundação Bienal revelou os primeiros detalhes da exposição que será realizada entre 25 de setembro e 12 de dezembro. O tema desta vez será a relação estreita entre arte e política, cuja inspiração partiu de um verso do poeta Jorge de Lima – “há sempre um copo de mar para um homem navegar”. Os trabalhos expostos buscarão trazer um reflexo do lugar e do tempo a partir do momento em que foram pensados, ou seja, independem da época. Alguns deles até datam da primeira metade do século 20, a exemplo do modernista Flávio de Carvalho (1899 – 1973).
– Buscamos ampliar o entendimento do que é contemporâneo. São obras que nos fazem entender melhor a complexidade do mundo – explica Moacir dos Santos, curador-chefe da Bienal ao lado de Agnaldo Farias.
Segundo Santos, a opção por muitos artistas brasileiros e latinos se deve a atual conjuntura política do continente no cenário mundial.
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– O que nos interessa é a arte que nos faça ver o mundo de forma indiferente. Tomar partido explicitamente não é a nossa missão.
Entre os selecionados de fora da América do Sul, destaque para a presença do festejado cineasta tailandês Apichatpong Weerasethakul, vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2010. Ele apresentará um trabalho ensaístico em vídeo que tem sido levado não a mostras de cinema, mas a galerias e outros espaços dedicados à arte contemporânea.
Terreiros
De acordo com Farias, uma preocupação da 29ª Bienal foi a de criar “uma exposição que não fosse meramente contemplativa e que tentasse recuperar o debate e a celebração do encontro entre a arte e a política”. Nasceram daí subtemas, batizados de terreiros: seis espaços de convívio que terão programações oficiais ou não, afinal, serão espaços livres de música, dança, teatro, literatura, fotografias, projeções audiovisuais e até de descanso.
– Serão um laboratório de uma grande exposição de artes – resume Farias, que apontou a possibilidade de obras serem expostas fora do Pavilhão da Bienal ou mesmo do Parque do Ibirapuera.
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Pichadores
Tais ambientes servirão para as apresentações dos trabalhos de pichadores, que foram convidados para participarem desta edição. Na anterior, o Pavilhão da Bienal foi invadido por um grupo de 40 deles, que picharam as paredes do local, o que rendeu uma enorme polêmica.
Ao contrário do que se imagina, eles não irão realizar pichações, mas terão seus trabalhos expostos por meio de fotografias ou vídeos documentais.
– Eles se interessaram pela questão política dessa edição, pois já picharam aqui. Não sabemos dizer se o que eles fazem é arte ou não. A participação deles nos interessa por ser uma produção vinda das ruas, com uma produção potente e de voz muito ruidosa – explica dos Anjos.
Lygia Clark ausente
Apesar de ter sua obra Caminhando relacionada anteriormente na 29ª Bienal de São Paulo, Lygia Clark (1920 – 1988) acabou ficando de fora da lista final na última hora. Segundo os curadores-chefe, a ausência dela aconteceu devido à enorme lista de imposições feitas pelos responsáveis pela obra da artista plástica.
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– Queriam controlar até quem poderia escrever sobre ela. Ela é uma ausência que será pura presença – garantiu Farias.
As informações são do G1