Os patinetes elétricos e bicicletas por aluguel por meio de aplicativos tomaram as ruas de Florianópolis desde dezembro do ano passado, e mudaram a dinâmica do trânsito na Capital. Seja para o lazer na Beira-Mar Norte ou para deslocamentos curtos durante a semana, tornaram-se parte do dia a dia, e dados levantados recentemente comprovam a adesão.

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A empresa responsável pela operação dos patinetes Grin e bicicletas Yellow entrega nesta quinta-feira (5) para a prefeitura um relatório inédito com detalhes sobre o uso dos equipamentos em Florianópolis de dezembro de 2018 até agosto deste ano. O estudo mostra que, desde o início da operação, o uso dos patinetes cresceu mensalmente 12% na cidade e o de bicicletas, 17%.

Segundo a empresa, os usuários rodaram, em média, 60 mil quilômetros por mês na Capital. Para efeito de comparação, é o equivalente a quase mil viagens entre o Sul e o Norte da Ilha. O uso é mais comum aos sábados e domingos, com picos às 10h e às 15h.

Durante a semana, o relatório mostra que as bicicletas são mais usadas às quintas e ficam mais paradas na segunda-feira. Para os patinetes, o maior fluxo em dias úteis é na sexta-feira, com destaque para as viagens ao meio-dia e depois das 18h.

Usos diferentes por dias da semana

O balanço aponta usos distintos durante a semana e aos finais de semana. Nos dias úteis, a maior parte das corridas com bikes e patinetes começa no Centro da cidade, perto das vias de comércio, pontos turísticos e da prefeitura. Enquanto isso, nos finais de semana o uso é mais comum na ciclovia da Beira-Mar e nos arredores do Shopping Iguatemi.

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Em relação aos patinetes, o relatório também destaca o uso no Estreito e na Agronômica. Outra diferença é em relação às distâncias e tempo de percurso: durante a semana os usuários rodam, em média, 2,9km de bicicleta e 1km de patinete, contra 3,6km e 1,39km aos finais de semana. A velocidade média dos patinetes é de 5,5 km/h, enquanto a das bikes é de 8,3km/h.

Sugestões para a prefeitura de Florianópolis

O balanço do uso em Florianópolis será entregue para a prefeitura com sugestões para a melhoria da mobilidade na Capital. Segundo a companhia, algumas áreas da cidade sem ciclofaixas e outras estruturas de segurança são usadas com frequência pelos moradores com patinetes e bicicletas alugadas.

O relatório sugere para a prefeitura a criação de áreas calmas (com velocidade máxima de 40km/h) e infraestrutura cicloviária em ruas de acesso ao interior dos bairros na Agronômica, Santa Mônica, Itacorubi – próximo ao Jardim Botânico – e Trindade, perto da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Além disso, destaca também o "número considerável de viagens" em ruas "que não possuem infraestrutura necessária" no Centro, como as avenidas Professor Othon Gama D'eça e Rio Branco e as ruas Dr. Armínio Tavares, Marechal Guilherme e Tenente Silveira.

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— As informações apresentadas são essenciais para auxiliar o poder público local a direcionar o investimento e otimizar os resultados, dando eficiência às transformações urbanas, tão necessárias para a humanização das cidades e a melhoria da mobilidade — diz a gerente de Relações Governamentais e Institucionais da empresa Grow, Fernanda Laranja.

O secretário de Mobilidade de Florianópolis, Michel Mittmann, explica que o poder público fez reuniões com a empresa no primeiro semestre e alinhou alguns protocolos que serão definidos na revisão do plano de mobilidade da cidade. Foi combinada também a necessidade da troca de informações como essa do primeiro balanço da Grow. Com isso, a prefeitura diz que poderá reforçar os planos para a mobilidade:

— Essas ruas citadas pela companhia já batem com o que apontamos nas nossas análises, já faz parte do plano melhorar a infraestrutura cicloviária dessas ruas do Centro. O dado deles nos auxilia na argumentação da importância — diz Mittmann.

Projeto de normatização

O balanço vem também em um momento de discussão sobre o futuro do compartilhamento de bikes e patinetes em Florianópolis. Nesta sexta-feira, a secretaria deve receber uma avaliação jurídica final sobre o projeto de normatização desses sistemas. A ideia, segundo Mittmann, é que seja feita uma concessão de espaço público, e não de serviço.

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Cada empresa que quiser operar um compartilhamento deverá pedir a concessão de espaços onde deverá montar "estações" que funcionarão como base da operação, onde o usuário pode pegar e deixar o patinete, bicicleta, etc. Esses espaços podem ser vagas de estacionamento, decks, praças, áreas na calçada, dependendo do local.

— Não queremos burocratizar, queremos abrir o mercado e facilitar para o usuário. Com o "ok" da parte jurídica queremos operacionalizar isso em no máximo um mês. Se for preciso um projeto de lei pode demorar mais. A ideia é que as empresas terão várias dessas estações, onde o usuário vai começar ou terminar a corrida. Para esses meios que trabalham sem estação, como os patinetes da Grin, vamos prever um tempo para que a empresa se responsabilize em recolher os patinetes das ruas e levar até essas estações, e quem sabe o aplicativo pode oferecer algum tipo de recompensa para o usuário que levar diretamente até a estação e não deixar a rua, mas aí é com eles — explica o secretário.

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