Durante mais de 12 anos, a Associação Pró-Brejaru promoveu arte e cultura para centenas crianças de bairros carentes de Palhoça. Atividades como capoeira, atletismo, artesanato e informática foram oferecidas de forma gratuita. No entanto, devido a uma redução no repasse de recursos da prefeitura, a entidade precisou enxugar os serviços, e o carro-chefe da associação, o projeto Um Conto em Cada Canto, ficará suspenso esse ano.
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Essa iniciativa foi apoiada pelo Criança Esperança em 2012. Trata-se se um ônibus adaptado, que se transformou numa biblioteca itinerante. O veículo esteve em comunidades como Brejaru, Frei Damião e até em outras cidades da Grande Florianópolis, com apresentações, saraus e contação de histórias.
— Na hora do teatro, eles se fantasiavam. Esses momentos fazem com que as crianças percam seus medos e traumas dos problemas que passam nas comunidades. Escolas da Bahia, do Ceará, do Rio Grande do Sul nos procuraram para saber como ele funciona — destaca Laura Maria dos Santos, idealizadora do projeto e que está à frente da Pró-Brejaru desde o começo.
A associação atendia 300 crianças. Segundo Laura, a Secretaria de Educação da cidade diminuiu a verba mensal de R$ 21 mil para R$ 13 mil. Isso fez com que eles precisassem demitir oito dos 13 funcionários da ONG, entre eles o motorista do ônibus. Agora, apenas 160 crianças serão atendidas. Precisaram estabelecer prioridades, e o ônibus dá bastante gasto com manutenção. Laura explica que a maioria das famílias precisa do atendimento integral.
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— Como uma mãe vai deixar um filho de seis anos em casa sozinho num bairro vulnerável? Então muitas vezes elas preferem não trabalhar, porque pode sair até mais caro pagar alguém pra cuidar da criança.
Juliana Dantas é diarista, tem 30 anos e mora no Brejaru. Ela é mãe de duas crianças que participam das atividades da associação, o Wesley, de 13 anos, e o Micael, de oito. O caçula, inclusive, depois de entrar para o atletismo, venceu duas mini-maratonas da Caixa. Cada pódio lhe premiou com uma bicicleta nova.
— Ao mesmo tempo que ele brinca, ele leva a sério. Ele pensa em brincar, mas se dedica, gosta muito. Eu fico mais tranquila com eles lá.
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O que diz a prefeitura
A secretária de Educação de Palhoça, Shirley Nobre Scharf, explica que a redução do convênio aconteceu por conta do Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil, que entra em vigor neste ano. A nova lei nivelou os repasses para as entidades.
— Antes tínhamos um convênio em que poderíamos ter repasses diferentes para cada entidade. E hoje é única. Nós tivemos um aumento de demanda da Educação Infantil, então tudo isso aumenta o repasse e diminui para entidades que fazem contra-turno. E o contra-turno não é obrigação do município.
Isso não impede, destaca a secretaria, que a Associação Pró-Brejaru participe de licitações ou convênios junto a outras secretarias para se manter.
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Hoje a rede municipal de educação atende 8 mil crianças. Escolas conveniadas atendem 2,7 mil crianças.