Anos atrás, ainda antes do despertar da importância de reciclar fantasias, peças deixadas na área da dispersão da Nego Quirido viravam brincadeira no imaginário das crianças. Principalmente daquelas que moravam nas comunidades empobrecidas próximas ao sambódromo. Foi assim com Carlos Alberto Costa, o Betinho, que morreu em Florianópolis na segunda-feira (24), aos 41 anos, após parada cardiorrespiratória.
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Betinho sofria de asma. O filho de Carlos Artur Costa e Deusa Maria Costa, tinha 9 irmãos e 11 sobrinhos. Nascido na Servidão Luiz Zilly, próximo ao túnel Antonieta de Barros, o menino que cresceu na comunidade da Prainha viu despertar seu amor pela Os Protegidos da Princesa, a mais antiga das escolas de samba de Florianópolis.
Pela proximidade da região, assistia aos desfiles em frente a casa da família. À medida que foi crescendo, desceu o morro e na companhia da mãe e de um irmão foi para o entorno da Praça XV e Nego Quirido ver de perto a Princesa desfilar.
Em 2009, sentiu no peito um desejo imenso de contribuir mais com a agremiação. Bateu à porta do barracão. Naquele momento, conhecido por integrar a Comissão de Frente, Betinho estabeleceu relações marcadas pelo respeito. Consequência também por sua passagem na ala coreografada. Respeito pelas pessoas e trato educado foram marcas reconhecidas em Betinho:
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— Um rapaz educado e atencioso com todos da escola, extremamente querido pelos diferentes setores — diz o vice-presidente Zezinho Carriço.
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Eli de Souza Neves, a Lica, uma das integrantes da Velha-Guarda, lembra que Betinho fazia parte da nova geração de componentes da Os Protegidos da Princesa encarregada de manter a tradição da agremiação.
— Nós não tínhamos muito convívio, mas sempre que tinha algum evento da escola a gente se abraçava com muita alegria, como uma grande família.
Com esse jeito, Betinho foi conquistando as pessoas. No último sábado, ele foi contratado para fazer a decoração de uma festa. Não era comum ficar nos eventos, mas dessa vez aceitou o convite. Fez novos amigos.
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Na sua despedida, no Cemitério São Francisco, no Itacorubi, estavam presentes pelo menos 10 dessas pessoas que havia conhecido naquela noite. Assim era Betinho, o menino que juntava fantasias e apaixonou-se pela Princesa.
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