Áustria e Alemanha exigiram nesta quinta-feira (5) que a Itália e a Grécia cooperem para deter a chegada de imigrantes pelo Mediterrâneo, assim como o deslocamento de requerentes de asilo em direção a outros países da União Europeia (UE).

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Essa cooperação deve ser confirmada com a assinatura de tratados bilaterais com a Alemanha.

Nesses acordos, Grécia e Itália, por onde chega a maioria dos que pedem asilo, devem se comprometer em recuperar “no prazo de 48 horas” os imigrantes que se apresentarem nas fronteiras alemãs, declarou o ministro alemão do Interior, Horst Seehoher, em visita a Viena.

“Eu sei que as discussões serão difíceis”, confessou o ministro. Seehoher fez da assinatura desses tratados a garantia do compromisso obtido a fórceps com a chanceler Angela Merkel.

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Merkel foi pressionada pelo partido de Seehoher, que se rebelou, reivindicando uma política migratória mais restrita.

O chanceler austríaco conservador, Sebastian Kurz, e seu ministro do Interior de extrema-direita, Heinz-Christian Strache, também insistiram que esses tratados devem ser concluídos rapidamente. As negociações com os dois países devem ocupar a agenda da Áustria nas próximas semanas, segundo Kurz.

Os três dirigentes não esconderam que suas esperanças repousam sobre a Itália e seu poderoso ministro do Interior, Matteo Salvini, conhecido por sua hostilidade com os solicitantes de asilo.

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Uma reunião entre Salvini e seus contrapartes austríaco e alemão na semana que vem em Innsbruck, Áustria, está prevista no contexto de um encontro geral entre ministros do Interior de países-membros da UE.

“Nós discutiremos o que poderá ser feito em conjunto e principalmente a maneira com que conseguiremos cortar a rota do sul para os imigrantes”, declarou o ministro do Interior alemão.

O objetivo desse encontro será de “fechar o caminho do Mediterrâneo (…), é o interesse da Itália, da Alemanha e da Áustria”, complementou o chanceler austríaco.

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Barrar os imigrantes antes mesmo de porem os pés no território da UE pouparia os países por onde eles chegam, como Itália e Grécia, de sofrer desavenças com nações de destino, como Alemanha e Áustria.

Assim, não haveria disputa para responsabilizar um país pela acolhida de requerentes de asilo.

Mas, apesar dos projetos registrados oficialmente durante um encontro europeu sobre a crise no final de junho, os meios de reduzir o número de embarcações chegando em águas europeias continuam complexos e muitos debatidos.

Ao mesmo tempo, o ministro do Interior alemão, líder do partido bávaro ultraconservador CSU, se entendeu na segunda-feira com o partido de centro-direita (CDU), de Angela Merkel para criar “centros de trânsito” na fronteira com a Áustria.

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Nesses centros serão recebidos os imigrantes que chegam à Alemanha, mas que já foram registrados em outro país da UE, para onde eles poderiam ser reenviados rapidamente.

Sem um acordo de readmissão com os países de entrada, os solicitantes de asilo serão rechaçados no acesso à vizinha Áustria, anunciou Seehoher.

Sua declaração provocou a ira de Viena, que se disse pronta a rejeitar por sua vez os imigrantes com destino à vizinha Itália.

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Com a desavença aparentemente apaziguada entre os dois países, Sebastian Kurz afirmou nesta quinta-feira “apoiar” as iniciativas alemãs e se disse convencido de que a Alemanha “não tomará decisões em detrimento da Áustria”.

* AFP