Jorge Bergoglio, novo Sumo Pontífice da Igreja Católica, foi rotulado de “chefe da oposição” pelo ex-presidente Néstor Kirchner e manteve por anos uma relação tensa com o governo, principalmente no que se refere a questões relacionadas à pobreza, insegurança e corrupção no poder.
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O pico da tensão foi registrado durante a discussão da lei sobre o casamento de pessoas do mesmo sexo no país. Em meados de 2012, Bergoglio causou polêmica ao definir como “movimento do diabo” a iniciativa impulsionada pela presidente Cristina Kirchner de apoiar a união homossexual.
O relacionamento do novo Papa com a chefe de Estado da Argentina é definitivamente ruim, ao contrário do que acontece com outros funcionários do governo, como o presidente da Câmara dos Deputados, Julián Domínguez. Também mantém boas relações com o governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli.
Autoridades argentinas como o senador Ernesto Sanz, o ex-ministro da Economia Roberto Lavagna e o chefe do Ministério da Educação da Cidade de Buenos Aires, Esteban Bullrich, são outros líderes políticos que forjaram um bom relacionamento com Bergoglio. O mesmo não ocorreu com o senador Aníbal Fernández Kirchner, um dos críticos mais proeminentes do ex-arcebispo.
O papa Francisco teve seus momentos de ativista político no passado. Ele chegou a ser membro da Guarda de Ferro, grupo peronista da década de 1970 que ganhou fama por sua postura feroz contra o governo.
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A tensão social é outra questão que tem preocupado Bergoglio.?No ano passado, ele falou sobre o risco de criar “dois campos irreconciliáveis” no país, devido a disputas ideológicas.
Em 2005, o primeiro Papa jesuíta da Igreja Católica confrontou o governo Kirchner quando saiu em defesa do bispo Antonio Baseotto, criticado por dizer que o então Ministro da Saúde do país “merecia ser jogado no mar” por defender a descriminalização do aborto. Bergoglio também caiu no desgosto dos governantes ao promover documentos de conteúdo político da Igreja Católica com críticas ferrenhas à gestão oficial da Argentina.