Um dos casos de doping que mais abalaram o mundo ganhou novos contornos neste ano. O ex-velocista canadense Ben Johnson escreveu no livro “Seul to Soul” (De Seul para a Alma, em tradução livre) que foi vítima de sabotagem ao ser flagrado pelo exame antidping após conquistar a medalha de ouro dos 100m rasos nos Jogos Olímpicos de Seul.

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Segundo Ben Johnson, o autor da sabotagem foi o treinador de Carl Lewis, seu principal adversário na época. Ele ofereceu ao atleta cerveja na sala onde ele faria o exame que apontou o uso de esteróides anabolizantes.

– Eu estava lá na sala sem a menor vontade de urinar, então aceitei algumas cervejas para acelerar o processo. O Jackson abria a cerveja com uma mão, ficava com os esteróides em outra e jogava dentro da cerveja. Eu achei que não era nada, fiquei seis horas trancado lá e tomei umas quatro ou cinco garrafas, todas servidas pelo Jackson – contou o atleta em entrevista ao programa Esporte Espetacular, da TV Globo.

Ben Johnson venceu a final com a marca de 9s79. No entanto, precisou devolver a medalha de ouro no mesmo dia. E ela ficou justamente com Carl Lewis, que havia ficado em segundo lugar na prova. Johnson não nega que usava esteróides anabolizantes, mas tomava as precauções para que não fosse flagrado nos testes. A orientação, conta o ex-atleta, era do próprio treinador, Charles Francis.

– Ele me disse que todos os velocistas estavam usando. Se eu não usasse, jamais ganharia nada. Na época, aceitei. Uma equipe de especialistas nos auxiliava para que interrompêssemos o uso antes das competições – comentou.

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Além de perder o ouro, Ben Johnson ainda foi punido por dois anos pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). Mais tarde, Lewis confessou ter usado esteróides, mas não sofreu nenhuma punição.