Um homem, um lugar e muitas histórias. A vida de Willy Wendelich se confunde com a própria história da Nova Rússia, no bairro Progresso, na região Sul de Blumenau. O homem de 61 anos morou e dedicou a vida ao lugar. Foram diversas passagens ao longo do tempo. A mais recente delas levou embora o morador mais ilustre da região. O acidente no fim da tarde desta segunda-feira foi em local próximo do Rancho do Willy, local conhecido por receber ciclistas e visitantes do Parque Nacional da Serra do Itajaí.

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Na cerimônia de despedida, nesta terça-feira, familiares e amigos do “Seu Willy” tentavam achar a palavra certa para adjetivar o homem de corpo franzino, mas com o coração gigante. O filho, Ricardo Wendelich, 34 anos, falava do pai enquanto recebia abraços e palavras de conforto.

– Ele era uma pessoa muito amiga. Tudo o que ele tinha era dos outros também, porque ele sempre emprestava as ferramentas e tudo o que estivesse ao seu alcance. Sempre acolhia todo mundo muito bem, ninguém saía do rancho insatisfeito. Ele gostava de receber as pessoas e levar para conhecer a propriedade. Ele adorava fazer amigos – relembra o filho.

Os amigos relembraram dos últimos momentos passados ao lado de Willy. O comerciante Wilson Klabunde, 54 anos, recorda que Willy foi ao estabelecimento momentos antes do acidente.

– Ele chegou como sempre fazia, mas só que dessa vez, ele estava diferente. Ele sempre ria de tudo, até do que não tinha muita graça, mas ontem (segunda-feira) ele não riu de nada. Ficou meio quieto durante a conversa rápida que tivemos e foi em bora dizendo que não estava bem. Logo depois veio a notícia de que ele tinha morrido. É uma perda lamentável, eu o conhecia desde criança – conta o amigo de longa data.

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Um recomeço

Em outubro de 2015, seu Willy e a família sofreram um duro golpe. Perderam toda a casa e o café, local em que recebiam os ciclistas, em um deslizamento de terra. O recomeço e a reabertura do café mostraram que a força de vontade e a união dos amigos foram maiores que a dificuldade. Atualmente o Rancho do Willy funciona na casa da família, do outro lado da rua.

– Quando aquilo tudo aconteceu, a nossa família foi muito ajudada pelos amigos, familiares e também os ciclistas, que sempre tiveram um carinho muito especial com o meu pai – conta Ricardo.

Willy foi enterrado na tarde desta terça-feira, no cemitério da Nova Rússia. Agora, a região vai ter que recomeçar, sem a presença do ilustre morador, que assim como aponta a placa da foto, fará o recanto em outro lugar: o céu.