O garçom Sérgio Carlos dos Santos, conhecido como Beleza, é um dos principais atrativos do Kayskidum. Alguns dos clientes atuais do bar são, primeiro, clientes do Beleza, desde quando ele trabalhava em um drive-thru no Continente, há quase 40 anos.
Continua depois da publicidade
Diário Catarinense – O que o senhor pretende fazer agora, que o Kayskidum vai fechar?
Beleza – Ainda estou pensando, mas o que sei é que quero dar continuidade ao que eu faço. Há algum tempo, alguns empresários me ofereceram ajuda para que eu abrisse meu próprio negócio, mas não aceitei. Não conseguiria sair para me tornar concorrente do meu local de trabalho. Mas pode ser uma opção agora, se eles ainda quiserem me oferecer ajuda. E antes mesmo de sair na mídia que o Kayskidum ia fechar, tinha recebido proposta de seis locais de trabalho, como a Sanduicheria da Ilha. A Sanduicheria tinha me oferecido antes. Iam até me dar uma moto como prêmio se eu aceitasse ir pra lá, mas não quis. Tem gente que fala pra mim, no Kayskidum, que se eu quiser montar um negócio embaixo d’água, tudo bem, que eles vão lá me ver. Dizem pra eu colocar uma Kombi, uma van, e vender lanches como no jeito antigo, mas ainda não sei. Estou pensando.
DC – Assim que o Kayskidum fechar, vai tirar umas férias para decidir o que fazer?
Continua depois da publicidade
Beleza – Não. Saio de um e vou para o outro. Não pretendo ficar fazendo higiene mental. Tenho cavalos e sempre digo que cavalo velho, quando fica encocheirado, fica todo duro. Tenho muita lenha pra queimar ainda, muita saúde para usufruir. E também nunca gostei de férias.
DC – Quais foram os melhores momentos nesses 36 anos de Kayskidum?
Beleza – Uma vez, ainda nas antigas instalações do Kayskidum, os Titãs passaram pelo lado do bar, e o Ricardo, que ficava na chapa, e era muito fã da banda, disse: ‘olha lá o Branco Mello’, e saiu correndo para conversar com eles. Aí os Titãs perguntaram pra ele: você é o Beleza? Foram lá só para me cumprimentar… Também atendi o Erasmo Carlos, a Xuxa, o Alceu Valença. Fui aos dois casamentos do Paulo Bornhausen como convidado. Em um, sentei ao lado do Marco Maciel, vice-presidente na época. Fui à inauguração do Majestic, com direito a quarto e café da manhã para mim e para minha esposa. Em alguns dias, tenho outro casamento importante, mas agora estou solteiro. Estou pesquisando para ver se encontro uma deusa à altura. Chegaram a me pagar para ir a um aniversário e, há uns 10 anos, fui eleito uma das 25 pessoas mais populares de Santa Catarina pela antiga Boate X, do El Divino, junto com a Marieva, modelo da Brahma, o Beto Carrero e a Angela Amim. Foi tudo muito gratificante. Criei um vínculo de amizade que não gostaria de perder.
DC – Por que o senhor acha que ganhou tanta popularidade e se tornou tão querido?
Beleza – Acho que porque sou prestativo e discreto. Cliente não é pandeiro pra você chegar batendo nas costas. O atendimento tem que ser natural, não gosto daquela coisa de ‘oi, tudo bem, boa noite’, ensaiada, forçada. Às vezes você vê que o cliente teve uma dia longo, está lá cansado, então você não vai puxar conversa. Tem garçom que intimida. Conheci alguns que se convidaram para ir em churrasco do cliente, na casa. As pessoas não tem noção de limites. Minha mãe era leiga e meu pai mal sabe assinar o nome mas, do jeito deles, me ensinaram a ser educado. E também fui aprendendo com a vida.
Continua depois da publicidade
DC – Quando e por que o senhor começou a ser chamado de Beleza?
Beleza – Foi no Kayskidum, no início. Na juventude, o pessoal fala muita gíria, mas eu nunca me expressei assim. A única coisa que eu falava era ‘tá beleza, tá beleza’, e isso ficou até hoje. E a minha filha pegou a expressão de mim. Tanto que na UFSC, onde ela dá aula, ela é conhecida como Belezinha. Mas foi no Kayskidum onde eu ganhei o apelido e o glamour.