Depois de 2.160 dias em obras, enfim a Avenida Beira-Mar Continental foi liberada, ontem de manhã, para o tráfego de veículos. Com direito a discursos, pedidos de desculpas pelos atrasos e queima de fogos, a prefeitura de Florianópolis entregou o tão sonhado presente de aniversário da cidade (comemorado hoje) e prometido por outras três vezes. Agora, a via passa a se chamar Avenida Poeta Zininho.

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A cerimônia no local que permaneceu por seis anos como um grande canteiro de obras contou com a participação de autoridades e moradores. Entre elogios e reclamações, enquanto muitos já aproveitam para caminhar com os filhos, com os animais de estimação ou de andar de bicicleta, outros manifestaram suas indignações com a obra, que custou R$ 43 milhões e, que apesar de entregue, deve seguir em obras pelos próximos governantes.

A via tem 2.250 metros de extensão, três faixas no sentido Ponte Hercílio Luz-Balneário, ciclovia, calçada, três semáforos e 400 vagas para estacionamento. Sua função é diminuir as filas no Rua Fúlvio Aducci e, de certa forma, ligar a Capital à BR-101, aliviando a saída da cidade para a rodovia e para a BR-282.

Apesar de não haver nenhum estudo que prove se o efeito será alcançado, o prefeito de Florianópolis, Dário Berger, e o secretário de Obras, Luis Américo Medeiros, estimam que a nova avenida receberá um fluxo diário de cinco mil veículos, desafogando a Fúlvio Aducci.

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– Ela é uma megaobra, que não serve apenas para melhorar o trânsito, mas para revitalizar o Continente que estava esquecido. Os imóveis serão mais valorizados, o comércio pode ganhar e a qualidade de vida dos moradores vai melhorar – salienta o prefeito.

Medeiros afirma que as obras continuam. Segundo ele, há projetos para construção de deques, instalação de bancos, academia ao ar livre e áreas de lazer, mas tudo ainda está no papel.

– Ainda não abrimos para licitação porque precisamos conseguir verbas – explica o secretário, que não arrisca dar prazos para o início da execução das demais melhorias.

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A prefeitura da Capital considera a Beira-Mar Continental como a maior obra municipal já realizada no Estado.

Para chegar até a liberação, nestes últimos seis anos Dário Berger precisou responder a processos na Justiça que apontavam falta de licenças ambientais e irregularidades na retirada de areia. O governo municipal também teve que desapropriar seis áreas, todas disputadas judicialmente e uma ainda pendente.

– Mesmo com todos estes entraves, nunca desistimos de entregar esta obra como um presente para a cidade e assim fizemos – comemora Berger.

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Durante os próximos 30 dias, a prefeitura promete fazer testes no novo sistema viário e garantiu que a avenida terá segurança e monitoramento constante da Guarda Municipal. Se houver problemas no fluxo, alterações não estão descartadas.

Moradores divididos entre o alívio e a decepção

Com cerca de 15 mil moradores, a população dos bairros Estreito e Balneário está bem dividida sobre o presente de aniversário da cidade. A dona de casa Sandra Alves, 53 anos, mora há 40 anos na região e já desfilava feliz da vida com seus filhos Mateus, 2, e Luana 9, pela nova avenida. Ela conta que antes da obra não havia local para passear ou se exercitar na localidade. Com muita paciência, conta que aguardou ansiosa pelo fim dos serviços.

– Ficou muito boa. É claro que faltam alguns reparos, pode alagar quando chover, mas mesmo assim, com ela, a vida por aqui será melhor – afirma.

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O mergulhador aposentado Leonardo Martins é adepto aos exercícios físicos físicos, e andar de bicicleta é um de seus prazeres. Com boa forma aos 68 anos, ele escolheu morar no bairro Balneário pela tranquilidade e fica dividido ao falar da obra.

– Por um lado ganhamos uma ótima estrutura tanto para quem está a pé ou de carro. Mas por outro, temo que nossa tranquilidade seja afetada pelo trânsito – comenta.

Paz que o presidente da Associação Amigos do Estreito, Édio Fernandes, tentou preservar durante toda a execução da obra. Ele tem certeza que o fluxo de veículos desviado para a ruas Castro Alves e Sérgio Gil, no Bairro Balneário, afetará o dia a dia dos moradores.

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– A via é muito estreita, tememos que ocorram acidentes e atropelamentos – diz.