A pequena Maria Clara nasceu no dia 5 de maio, em Esteio, no Rio Grande do Sul, no momento em que o estado gaúcho sofria com a pior enchente da história. Dentro da maternidade, a mãe, Cristiane Coutinho, não fazia ideia de que a casa da família havia sido destruída pelas chuvas. Com apenas três dias de vida, a bebê, junto com os pais, foi recebida por uma família catarinense, moradores de Palhoça, na Grande Florianópolis, em um ato de solidariedade.

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— Eu não tinha total conhecimento do que estava acontecendo porque eles não queriam me passar. Eu sabia como estava o bairro, a rua, mas a minha casa não tinha ideia de como estava porque ninguém me contava já que eu ia ganhar bebê — diz Cristiana. 

A mãe e a bebê receberam alta da maternidade de Esteio no dia 7 de maio. O momento de amor e alegria pela chegada da caçula na família também veio acompanhado do medo de não ter para onde ir. 

— Quando a gente recebeu alta do doutor, ele falou: “Agora vocês estão liberados para ir para casa”. Mas a gente não tinha pra onde ir — relata Patrick Correa Sales, jogador de futebol e pai da Maria Clara. 

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Foi quando o empresário Leonardo Alcici soube do caso da família e resolveu ajudar. Morador de Palhoça, no dia 7 de maio, ele também saia de Santa Catarina para levar mantimentos às vítimas do Rio Grande do Sul, quando recebeu a ligação de uma amiga pedindo para que ajudasse o casal. 

— A gente não pensou muito. Falaram assim: “Estamos trazendo uma família que vai ficar em um hotel, estamos juntando pessoas para pagar”. Eu disse: “Não, vão ficar lá em casa”. Como é que uma criança de três dias vai ficar em um hotel? Precisa de uma estrutura um pouco melhor — conta Leonardo. 

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Desde então, Maria Clara, Patrick, Cristiane e Maria Cecília, outra filha do casal, estão hospedados na casa de Leonardo. Trouxeram junto com eles só o essencial, mas com a solidariedade dos catarinenses, conseguiram todos mantimentos necessários. 

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— Quando a gente chegou aqui e soube de toda a movimentação que fizeram pra nos ajudar foi muito gratificante. Acho que esse momento foi quando mais nos sentimos amados. Saber que tem pessoas com esse coração sem ao menos nos conhecer. Eles nem sabiam o nosso nome e nem o nosso sobrenome — diz Patrick. 

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