O que para a maioria das famílias é apenas uma forma de distrair as crianças, cantar uma música infantil com David Gabriel, de dois anos, foi uma grande conquista para ele e a mãe. O menino de Joinville nasceu com perda auditiva severa decorrente de malformação nos dois ouvidos.
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Ele recebeu uma tecnologia que permite uma audição melhor para bebês e crianças que ainda não podem passar por cirurgia para prótese auditiva implantável. É difícil não se emocionar com a alegria dele e da mãe quando a criança escuta com clareza uma música infantil pela primeira vez.
— O David Gabriel praticamente não escutava, não reagia quando o chamávamos. E, quando era um barulho muito alto, ele ficava perdido, não sabia de onde vinha o som. Vê-lo ouvindo bem agora, dançando e se alegrando com música, é um alívio e uma felicidade muito grande! Agora estamos na expectativa dele desenvolver melhor a fala — comemora a mãe, Rosangela Borges, 32, dona de casa.
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O Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC/Centrinho) da USP em Bauru, SP, é o primeiro no Brasil a oferecer, pela rede pública, a chamada banda elástica (softband) com processadores de áudio para os dois ouvidos.
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— Atualmente, temos as próteses auditivas ancoradas no osso. Porém, em crianças menores de cinco anos, enquanto não é possível realizar a cirurgia para implantação dessas próteses, conforme critério estabelecido em Portaria do Ministério da Saúde, é indicada a adaptação do processador de áudio posicionado por meio da banda elástica, a qual permite estimulação auditiva por via óssea sem causar desconforto — explica a fonoaudióloga Tyuana Sandim Silveira Sassi, chefe técnica da Divisão de Saúde Auditiva da instituição.
Uma vida de superação
Além do problema auditivo, David Gabriel nasceu com alterações nos membros – braços e pernas –, Síndrome de Treacher Collins e Sequência de Pierre Robin, condições que podem apresentar comprometimento dos ossos da face, mandíbula pequena, orelhas malformadas ou ausentes, olhos inclinados, fissura no palato (céu da boca), micrognatia (queixo pequeno) e glossoptose (queda da língua para trás).
Assim que David Gabriel nasceu, a mãe e o pai, Sidnei Vicente de Souza, 28, músico, conseguiram vê-lo por alguns segundos, e o pequeno já seguiu para a UTI. A mãe só foi conseguir rever o filho em seu quarto dia de vida, após se recuperar de complicações do parto.
A mãe relembra que só retornou para casa com o filho perto dos seus três meses de vida. — Faltando dois dias para completar três meses, o David Gabriel recebeu alta hospitalar do Centrinho e somente então pudemos ir para casa. Ele ainda usou o distrator [aparelho mecânico para o alongamento da mandíbula] até os cinco meses e sonda nasogástrica para alimentação até os oito meses — relata Rosangela, que vive em Joinville com o marido e os três filhos: Mayara Caroline Borges, 15, Larissa Ivanir Mauli, 9, e David Gabriel, 2.
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— Sei que estamos só no começo, temos um longo caminho a seguir ainda, mas a vida do David Gabriel se transformou completamente. Ele tinha dificuldade para respirar, se alimentar, escutar, e hoje é outra criança, que procura se virar, como qualquer outra. Ele quer sentar na mesa para comer com a gente, sozinho. Ele anda, brinca. Quando o pai se apresenta, ele quer subir no palco, pegar o microfone, fazer aquela bagunça. Só tenho a agradecer ao doutor Tonello e a toda equipe do Centrinho por salvar a vida do meu filho.
Com informações da assessoria de imprensa HRAC-USP