A divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, nesta quarta-feira, pode confirmar a retomada da atividade econômica, que vem patinando há algum tempo. Mas o Comitê de Política Monetária do Banco Central (BC), que conclui reunião no mesmo dia, pode dar um banho de água fria naqueles que esperam crescimento robusto para 2013.

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O desempenho econômico do país nos três primeiros meses pode influenciar a decisão no rumo da Selic, o juro básico do país, hoje em 7,5% ao ano. Um avanço mais expressivo daria margem para o BC fazer um aumento maior na taxa. A alta de 0,5 ponto percentual é considerada um remédio mais eficiente para conter o avanço de preços, mas também um veneno para uma economia que ensaia reagir – depois de um 2012 considerado minguado, com alta de apenas 0,9%.

– O aumento de preços agora é o centro das preocupações. Mesmo que o crescimento seja fraco, o BC deve aumentar o juro – avalia Thaís Marzola Zara, economista-chefe da Rosenberg & Associados.

Ao que tudo indica, no entanto, o Planalto terá uma boa notícia do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do PIB, indicou alta de 1,05% para o período na comparação com o quarto trimestre do ano passado – crescimento maior que todo o ano de 2012.

Analistas reduzem projeção de crescimento econômico

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Se o número superar 0,9%, possibilidade acolhida por economistas do setor privado e do governo, será o melhor desempenho desde o início do governo Dilma. Desta vez, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que costuma dar palpites sobre o tema – nem sempre muito certeiros -, preferiu não fazer projeções.

Mesmo com a expectativa de um bom resultado para os três primeiros meses do ano, o mercado parece cada vez menos otimista com o comportamento da economia nos próximos trimestres. Estimativa de analistas para o PIB em 2013, que em janeiro era de 3,26%, está hoje em 2,93%.

– Com a inflação batendo na porta, o Banco Central não tem muita opção – afirma o ex-ministro da Fazenda Marcílio Marques Moreira.

As preocupações com a pressão sobre os preços persistem porque, embora o dado mais recente de inflação tenha ficado um pouco abaixo do esperado em abril, com alta de 0,46%, não foi suficiente para indicar tendência de desaceleração. Nas duas últimas semanas, o presidente do BC, Alexandre Tombini, afirmou publicamente, em duas ocasiões, que a instituição fará o possível para reduzir a inflação, que hoje está em 6,49% no acumulado de 12 meses até abril, bem acima do centro da meta, de 4,5%.

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– O BC vai optar por um novo aumento. É um ciclo que só para quando chegar a 8,5% ao ano – projeta Rafael Bacciotti, da Tendências Consultoria.

Na véspera da divulgação do PIB do 1º trimestre e de nova reunião do Copom, confira projeções de especialistas para o desempenho da economia

Marcílio Marques Moreira, ex-ministro da Fazenda e economista da Conjuntura e Contexto consultoria

PIB no 1ºtrimestre: 1%

Juro: +0,25 ponto

Setor destaque: agropecuária

Tendência para o ano: o 1º trimestre será o mais forte do ano

Thaís Marzola Zara, economista-chefe da Rosenberg & Associados – Economia e Finanças

PIB no 1ºtrimestre: 0,7%

Juro: +0,5 ponto

Setor destaque: agropecuária

Tendência para o ano: os próximos trimestres serão um pouco melhores

Rafael Bacciotti, economista da Tendências Consultoria

PIB no 1ºtrimestre: 0,8%

Juro: +0,50 ponto

Setor destaque: agropecuária

Tendência para o ano: o 1º trimestre vai ser o melhor do ano

Emerson Marçal, professor da Fundação Getulio Vargas

PIB no 1ºtrimestre: entre 0,5% e 1%

Juro: +0,25 ponto

Setor destaque: serviços

Tendência para o ano: os próximos trimestres serão um pouco melhores