O Banco da Inglaterra (BoE, o banco central inglês) decidiu hoje, em seu encontro regular de política monetária, cortar sua principal taxa de juro em 0,5 ponto porcentual, para 0,5% ao ano. Esta é a sexta queda consecutiva determinada pelo o banco central desde outubro do ano passado, quando a taxa de juros estava em 5%, e com isso os juros ficam a um nível jamais visto desde a fundação da instituição bancária, em 1694. De acordo com a medida anunciada hoje, o Banco da Inglaterra emitirá 75 bilhões de libras (84 bilhões de euros) nos próximos três meses para comprar ativos no setor privado.

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Ao justificar sua decisão, o banco indica que a atividade global continua enfraquecendo, reflexo de uma queda da confiança e de contínuos problemas nos mercados de crédito internacionais. A produção caiu consideravelmente no Reino Unido no quarto trimestre de 2008, ressalta a instituição. Os cortes de juros têm como objetivo combater a crise econômica, especialmente depois que o Produto Interno Bruto (PIB) registrou uma baixa de 1,5% no último trimestre de 2008, a maior queda em mais de 28 anos.

Para estimular a economia, o banco decidiu recorrer à emissão de dinheiro, já que as sucessivas reduções dos juros até mínimos históricos não tiveram o efeito esperado na prática. O banco não tomava uma decisão assim desde os anos 70, o que evidencia o alcance da recessão. Esta emissão de dinheiro será destinada à compra de ativos do setor privado, para aumentar a liquidez nos mercados e impulsionar a concessão de créditos. Apesar da medida, os analistas não têm certeza sobre se a decisão poderá ter o efeito esperado.

O Banco da Inglaterra solicitou, em fevereiro, permissão ao governo para colocar em prática esta emissão, algo que o ministro das Finanças do Reino Unido, Alistair Darling, já concedeu. No Reino Unido, o desemprego está perto de 2 milhões de pessoas, enquanto os preços das casas caíram, os embargos de propriedades aumentaram e vários setores, entre eles o automotivo, eliminaram postos de trabalho.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) indicou recentemente que o Reino Unido pode ser o país mais castigado dos desenvolvidos pela forte desaceleração econômica. O corte de hoje era esperado pela City (centro financeiro) de Londres. Segundo os analistas, as reduções dos juros desde outubro têm como objetivo evitar uma recessão profunda e prolongada.

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