O PSDB catarinense teve um final de semana de definições. Em Abelardo Luz, no Oeste, o partido venceu a eleição suplementar para prefeito com Wilamir Cavassini — o 40º do tucano à frente de um município no Estado. A 382 quilômetros dali, em Rio do Sul, em um evento partidário na véspera, o senador Paulo Bauer vestiu de vez a camisa de pré-candidato a governador. Fez, inclusive, um apelo ao partido.
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— Eu quero ter a oportunidade de ir para a rua, de falar com as pessoas, de pedir os votos, de dizer a cada um que este é o melhor Estado do Brasil e que nós podemos fazer ele ainda maior juntos. Mas eu quero pedir a todos líderes do partido, aos dirigentes do meu PSDB de cada município, que me deem essa oportunidade, porque eu estou com garra, com vontade, com ímpeto para chegar ao governo — discursou.
É próprio dos tucanos que um nome como Paulo Bauer, que disputou o governo em 2014 e que aparece bem posicionado nas pesquisas internas, tenha que pedir encarecidamente para ser o candidato do partido. É certo que ele podia fazer essa costura por cima, por Brasília, e que ninguém negaria a um senador a intenção de concorrer. Mas Bauer precisa construir um laço com a base tucana no Estado que nem mesmo a última disputa conseguiu sedimentar.
Naquela eleição, o tucano teve apoio de última hora do PP para enfrentar a reeleição de Raimundo Colombo (PSD). Na fala de domingo, lembrou que na época o partido contava com apenas uma entre as 20 maiores prefeituras do Estado e que agora são sete. Mais do que isso, havia uma dificuldade extra: boa parte dos prefeitos tucanos e pepistas estavam do lado de Colombo, graças ao Fundam. Um componente que deve pesar na eleição para o Senado ano que vem, mas deve ser menos capitalizado por um candidato a governador do PSD.
Na metade do mandato como senador, com experiência como vice-governador entre 1999 e 2002 e o recall da eleição passada, Bauer é um candidato mais do que competitivo. Mesmo assim, sua candidatura é colocada em dúvida. Presidente do PSDB-SC e deputado estadual, Marcos Vieira também se coloca como pré-candidato a governador. Além disso, PSD e PMDB cortejam os tucanos para comporem as alianças em torno dos pré-candidatos Gelson Merisio (PSD) e Mauro Mariani (PMDB).
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Confirmada a disposição de Bauer, é muito difícil que ele não seja candidato. Isso consolidaria um cenário com três candidaturas advindas da antiga tríplice aliança — a mega coligação criada por Luiz Henrique em 2006. Nessa lógica, será valorizado o passe de siglas médias como PR, PSB e DEM e o apoio prévio do PP aos pessedistas ganha peso ainda maior.