Existem variantes muito claras no trabalho dos diretores que trouxeram o herói Batman para as telonas. Enquanto Tim Burton trabalhou o aspecto sombrio da própria Gotham City, contaminada por figuras macabras e com uma corrupção evidente, com ambientações quase expressionistas, o mundo de Joel Schumacher construído em Batman: Eternamente e Batman & Robin priorizou a graça e a fantasia mais colorida daquele universo.
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O Batman de Michael Keaton, nos primeiros dois longas-metragens (Batman e Batman: O Retorno), era um solitário. Apaixonava-se por mulheres fortes e atraentes, como Selina Kyle e Vicky Vale, e não se importava em revelar sua identidade se isso significasse conseguir deixar seu sentimento de abandono para trás.
A melhor cena dos filmes de Burton, para os fãs, reside no segundo filme, quando a mulher gato é apresentada para Gotham City com uma loja de conveniência pegando fogo atrás, logo após seu “miau”, e em seguida lambendo os lábios de um Batman rendido. Era certamente um filme mais malicioso que o primeiro. Minha cena favorita da saga de Burton, no entanto, é a do baile de máscaras. Ali, Bruce Wayne e Selina Kyle estão mascarados, mas percebem quem são.
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Não gosto das obras de Joel Schumacher, pois celebram um burlesco que parece contaminado mais pela intenção do que por um roteiro propício àquele desenvolvimento. Quando gostamos de Thor: Ragnarok, por exemplo, e de seu clima cômico, feito por um diretor com idéias cômicas, o filme funciona. Mas porque o pensamento da escrita criativa se junta à direção e à atmosfera. Isso não ocorre nos filmes de Joel Schumacher, e o próprio personagem fica desinteressante e na geladeira.
Antes de Nolan assumir a franquia, muitos diretores foram citados como possíveis autores a assumir; inclusive o fantástico Darren Aronofsky (Cisne Negro) gostaria de oferecer uma visão muito mais real e sem aparatos para o homem-morcego. Algumas das suas idéias traziam um Batman velho, interpretado por Clint Eastwood e com Bruce Wayne perdendo seus negócios e vivendo com um mecânico chamado Big Al. O traje seria artesanal, a violência urbana seria mais forte e a batcaverna se transformaria num metrô abandonado. A ousadia de Aronofsky, acompanhado por Frank Miller na construção do argumento, certamente conseguiu fazer com que Batman Begins parecesse algo menos agressivo.
O universo de Christopher Nolan acompanha algumas dessas idéias, de um Batman mais calcado na realidade, sem mundos fantasiosos, mas ainda sem descaracterizá-lo. A trilogia de Nolan mostra uma sociedade tomada por anarquia, com psicopatas com máscara e sem máscaras, subsidiando a violência do mundo para obliterá-lo. Batman se torna um pária. Uma lenda.
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Batman: O Cavaleiro das Trevas continua sendo a melhor obra baseada em quadrinhos, para mim, e resume a complexidade da história de Wayne: um homem que busca o controle que nunca teve em suas mãos. É uma história trágica, de uma figura destinada a morrer por uma sociedade que não o queria em primeiro lugar.
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Ben Affleck adicionou o lado físico e envelhecido, talvez, nas histórias de Zack Snyder. De um homem cansado de combater o crime. Para onde o Batman de Robert Patisson, o mais jovem deles, nos levará a partir de agora? O começo dessa nova página poderá ser acompanhado em março de 2022.
Relembre momentos memoráveis da franquia Batman nos cinemas:
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