O princípio de incêndio registrado em setembro no Hospital Celso Ramos, em Florianópolis, não foi acidental, concluiu o laudo do Corpo de Bombeiros. A reportagem da NSC TV teve acesso ao documento, que aponta que as baterias do nobreak que originou o fogo estavam vencidas há três anos.
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O incêndio aconteceu na madrugada de 24 de setembro. No momento do incidente, 54 pessoas estavam internadas e 44 aguardavam atendimento. Todas elas saíram do hospital orientadas por brigadistas.
O laudo do Corpo de Bombeiros detalha que o incidente começou na sala da área técnica, que fica no térreo do hospital, entre o estacionamento de ambulâncias e a reanimação da emergência.
Uma das baterias do nobreak – equipamento que atua como reserva na geração de energia em caso de falta de luz – teve uma reação termoquímica que provocou uma fuga de calor, conforme o laudo. O fogo se concentrou apenas no rack de baterias – o nobreak não foi atingido.
Ainda segundo o documento, o eletrotécnico terceirizado que presta serviço de manutenção do nobreak disse que observou na última manutenção que havia oxidação nos polos de uma das baterias. Essa inspeção, realizada no dia 27 de agosto deste ano, indica que a vida útil de uma bateria é de cinco anos, mas a última troca foi feita em 2011. Portanto, os bombeiros concluem que as baterias deveriam ter sido substituídas há três anos.
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Na conclusão dos bombeiros, o princípio de incêndio teria sido um acidente se os equipamentos estivessem com a manutenção em dia e sem indícios de mau funcionamento. Os bombeiros acreditam que a norma de segurança para as baterias não foi seguida. Por isso, concluem que houve falha humana porque o hospital tinha conhecimento de que os equipamentos precisariam ser trocados.
O laudo destaca, ainda, que a Norma Técnica 15641 da ABNT determinada que locais com esse tipo de bateria devem permanecer com temperatura controlada em torno de 25 graus. O ar estava ligado no momento do incidente e foi a fumaça que se espalhou pelo sistema de ventilação do ar-condicionado central que alertou para o fogo. Porém, a perícia não conseguiu descobrir qual era a temperatura da sala naquela madrugada.

MP aguarda cronograma de adequações nesta tarde
O Ministério Público, que abriu inquérito para investigar o sistema de segurança do Hospital Celso Ramos e fez inúmeras recomendações à Secretaria de Saúde, marcou para a tarde desta quarta-feira uma audiência de conciliação com o secretário Helton Zeferino para que seja apresentado um cronograma de adequações no hospital.
Sem plano Habite-se para funcionar, a unidade de saúde já chegou a ser multada por conta das irregularidades.
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O laudo dos bombeiros reforça os problemas e revela que a situação poderia ter sido pior caso o fogo tivesse se alastrado. A perícia constatou que os extintores não estavam em condições de uso e que havia sinalização, mas as saídas de emergência estavam parcialmente obstruídas por macas e cadeiras. O hidrante não poderia ser usado, pois a válvula estava fechada.
“Providências estão sendo tomadas”, diz direção
A Secretaria de Saúde do Estado se manifestou sobre o assunto em nota enviada pela assessoria de imprensa. O texto destaca que a direção do Hospital Celso Ramos está tomando as providências para solucionar os problemas apontados no laudo.
Leia a íntegra:
A direção do Hospital Governador Celso Ramos destaca que as providências estão sendo tomadas para solucionar os problemas apontados no laudo realizado pelo Corpo de Bombeiros. Os contratos anteriores à gestão atual estão sendo revistos e licitações abertas para buscar solucionar as questões e oferecer mais segurança ao paciente e servidores. Ressalta-se que o PPCI (Plano de Prevenção Contra Incêndio) também vem sendo elaborado segundo as orientações apresentadas pelos Corpo de Bombeiros e Justiça.
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