Um prato “colorido”, com diferentes verduras e legumes e frutas variadas, é uma das dicas clássicas para quem busca alimentação saudável e equilibrada. Algumas variedades cultivadas por agricultores de Santa Catarina podem ajudar quem gosta de seguir à risca essa orientação. Isso porque oferecem produtos de hortifruti aos quais os consumidores já estão acostumados, mas em versões coloridas. Os diferenciais podem ir além do visual mais atrativo e trazer ganhos até mesmo nutricionais, com substâncias antioxidantes que resultam nos tons variados dos itens.

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Nesta semana, uma espécie exótica de tomate preto cultivado por um agricultor de Ponta Grossa (PR) foi destaque após render seus primeiros frutos. As sementes foram importadas da Bélgica. Em solo catarinense, as variedades curiosas incluem batatas-doces coloridas, roxas e alaranjadas, pitaia vermelha, goiaba serrana, physalis e couve-flor roxa. Confira abaixo:

Veja fotos de frutas e legumes curiosos de SC

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Batatas-doces coloridas

Entre os destaques da produção catarinense estão as variedades coloridas de batatas-doces, como a roxa. Elas são cultivadas em regiões como o Alto Vale do Itajaí e chamam a atenção pelas cores diferentes e também pelos benefícios nutricionais. A versão roxa tem antocianinas, que ajuda a imunidade, enquanto as amarelas ou alaranjadas possuem carotenóides, grupo de pigmentos que são antioxidantes e auxiliam a visão, por exemplo.

O cultivo dessas variedades já ocorria por parte de produtores catarinenses, mas teve contribuição da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). Por enquanto, a oferta ocorre com mais frequência em feiras livres e em projetos de inclusão do alimento na merenda escolar de municípios. No total existem as variedades Luiza (polpa roxa), mais famosa entre elas, Marina (amarela), Ituporanga (creme), Favorita (alaranjada), Katiy (branca) e Águas Negras (creme).

As variedades são plantadas entre agosto e outubro e colhidas a partir de abril e maio. As sementes são distribuídas a agricultores a partir da estação da Epagri em Ituporanga.

— A batata-doce é um alimento que já vem tendo mais procura por ter liberação mais lenta do açúcar, já é benéfico, e essas variedades coloridas têm mais um atrativo, um “plus”, que tem aumentado o interesse — conta o gerente da Estação Experimental da Epagri em Ituporanga, Gerson Henrique Wamser.

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Pitaias de polpa vermelha

Fruto que passou a ganhar destaque na agricultura catarinense nos últimos anos, após parcerias da Epagri com pequenos produtores, a pitaia já é bastante conhecida do consumidor, especialmente na versão com polpa branca e casca amarela ou rosa. No entanto, a fruta também tem variedades menos comuns cultivadas no Estado, como Royal Red, Boreal Red e a chinesa, com polpas em tons avermelhados ou roxos.

Entre as vantagens da pitaia destacadas pela equipe da Epagri estão a ajuda na digestão, na absorção de nutrientes, na hidratação e na melhora da função renal.

No caso das frutas de polpa avermelhada, o teor de fibra é ainda maior, o que contribui com o funcionamento intestinal. Substâncias como flavonóides, que contribuem com a cor diferenciada da fruta, também oferecem às variedades propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias.

O Sul de Santa Catarina responde pela maior parte da pitaia cultivada no Estado, com 90% de toda a produção. Na culinária, a pitaia pode ser usada em risotos, geleias e pães.

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Goiaba serrana

Outra fruta pouco conhecida, mas que tem ganhado espaço no país é a goiaba serrana, também conhecida como feijoa. Originária do planalto sul do Brasil, a fruta passou a ser cultivada em larga escala nos últimos anos na cidade de São Joaquim, na Serra de Santa Catarina, região que concentra a maior produção nacional.

Os pés de goiaba serrana cultivados na Serra catarinense contam com o apoio da Epagri, que também faz pesquisas sobre o desenvolvimento genético da fruta.

A goiaba serrana possui casca verde e polpa transparente, o que a distingue da goiaba “convencional”. A fruta tem alta quantidade de vitamina C, antioxidantes e antidepressivos, o que faz ela ser chamada de “fruta do futuro” segundo pesquisadores da Epagri, por reunir diversas propriedades e contribuir com a saúde.

O ciclo da goiabeira serrana começa em meados de setembro com o plantio. A maturação da goiaba acontece entre março e abril. Quando atingem a maturidade tendem a cair e ficam machucados. Para evitar o estrago, é indicado verificar a maturação do fruto, que estará no ponto de colheita quando se apresenta um pouco mole ao toque e libertar um aroma caraterístico. A conservação é muito efêmera, habitualmente elas não duram mais de 1 a 2 semanas após a colheita.

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Physalis

A physalis, ou fisális, é uma fruta exótica comum na Colômbia e na região amazônica, mas que passou a ter experiências de cultivo no Estado, especialmente na Serra Catarinense. Um projeto de acompanhamento com a Udesc Lages foi desenvolvido com produtores locais, inclusive com visitas de especialistas colombianos.

O professor de Fruticultura da instituição, Leo Rufato, explica que a variedade apresentou adaptação ao clima da Serra catarinense, ao tempo maior de luminosidade que a região oferecia, e era vendida em supermercados da região. Há cerca de cinco anos, no entanto, a disseminação do produto em outras regiões do Estado acabou por reduzir o preço de mercado da physalis, o que desestimulou a maioria desses produtores a seguir nesta cultura, partindo para produtos como morango e amora.

Apesar disso, alguns produtores catarinenses ainda permaneceram no plantio de physalis, que é cultivada também pela universidade, para pesquisa. O produto, que chama a atenção pelo visual, cor e pelas folhas, pode ser consumido in natura e também em geleias, doces, sucos e sorvetes.

Couve-flor roxa

Outra variedade inusitada é a couve-flor roxa, cultivada em propriedades de Rio do Sul, no Alto Vale do Itajaí. A hortaliça é encarada como alternativa para atender nichos específicos de mercado. A novidade surgiu após a doação de sementes a produtores locais durante uma feira, mas já é cultivada há alguns anos. A hortaliça tem ciclo de plantio de cerca de 100 dias e cultivo durante o inverno, já que o produto tem pouca resistência ao calor.

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Entre os benefícios adicionais da couve roxa estão a vitamina C e as antocianinas, que são antioxidantes. Em 2023, produtores da cidade também passaram a experimentar o plantio de outras variedades diferentes, como chicória roxa e o limão-caviar, mas que ainda estão em fase experimental.

Outras variedades

Outras variedades coloridas ou diferentes também são cultivadas em Santa Catarina. Uma delas é o tomate-cereja alaranjado, que está em fase de pesquisa no Estado.

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