Não bastasse a falta de áreas de lazer e a disputa entre facções rivais pelo domínio do tráfico de drogas, o povo do bairro Monte Cristo, na área continental de Florianópolis, ainda sofre com obstáculos impostos por traficantes que vivem nas comunidades Chico Mendes e Novo Horizonte, duas das que compõe o bairro.

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Os bandidos, já há um tempo, fazem barricadas em diferentes vias do bairro para impedir e atrapalhar a passagem de moradores, grupos rivais, da polícia e, segundo um homem que prefere não se identificar, de serviços essenciais como a coleta de lixo pela Companhia de Melhoramentos da Capital (Comcap).

Através de um e-mail, o morador que reclama da situação diz que a situação chegou ao extremo quando “os marginais concretaram barricadas na Servidão Pétalas Dumont, acabando com o trânsito naquela servidão”. O homem relata que nas ruas onde são montadas barricadas os “funcionários da Comcap não retiram os lixos dos latões que os traficantes tomaram posse, fazendo com que o cheiro esteja insuportável”.

Ele cita ainda acidentes no período noturno, quando os moradores entram com seus carros e, devido à falta de luz nos postes do bairro, acabam colidindo com as barricadas feitas pelos traficantes. Ao fim, o morador questiona:

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— De quem os moradores irão cobrar o prejuízo?

O major Rodrigo Dutra, do 22º Batalhão da PM, no Continente, explica que a colocação de obstáculos é comum em algumas ruas do Monte Cristo e retirá-las, ressalta, não é atribuição da Polícia Militar (PM), mas sim da prefeitura de Florianópolis, através da Secretaria do Continente. Mesmo assim, afirma, quando possível os policiais retiram os obstáculos do caminho.

A justificativa alegada por homens que costumam montar as barricadas, destaca Dutra, é impedir que membros de facções rivais circulem pelo espaço do outro, no caso a divisão que existe entre criminosos da Novo Horizonte e da Chico Mendes.

— A gente, quando possível, retira. Mas a atribuição é da prefeitura, por meio da Secretaria do Continente. O problema é que, se retirar as barricadas hoje, no mesmo dia eles colocam de volta. Já tentamos inclusive conscientizar os moradores para que não deixem isso acontecer porque a polícia passa lá, deixa a viatura e vai a pé, mas se precisar passar uma ambulância ou um carro de bombeiros, não vão conseguir — observa Dutra, para dizer que diferentes tipos de objetos são utilizados pelos criminosos para bloquear as ruas, como lixeiras, pedaços de concreto e até móveis usados.

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Por meio da assessoria de imprensa, a Secretaria do Continente informou que irá realizar uma ação conjunta com os órgãos que atuam na região, como Polícia Militar, Comcap e a Secretaria de Assistência Social, para discutir o que pode ser feito para evitar as barricadas e garantir a segurança dos moradores. Não foi determinada uma data para esta ação.

Serviço de limpeza foi afetado

O presidente interventor da Comcap, Carlos Alberto Martins, o Carlão, afirma que todos os serviços relativos à coleta de lixo são feitos normalmente no Monte Cristo. Um dos motivos para que isso aconteça, explica, é o fato de que todos os funcionários que trabalham no bairro são moradores do Monte Cristo. Sobre as barricadas, ele diz que os trabalhadores não mexem nelas para “evitar represálias”.

— No Monte Cristo, todos os serviços são feitos, só não dá para mexer nas barricadas — conclui Carlão.

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