Algumas famílias não poderão mais visitar os restos mortais de seus parentes. Outras estão com medo de perdê-los. No Bairro Passa Vinte, em Palhoça, a parte de trás do cemitério está caindo morro abaixo. Alguns túmulos já desapareceram na terra do barranco, e outros apresentam rachaduras. Por estar situado num morro, o local é cheio de desníveis, alguns com cerca de sete metros. Não há proteção alguma para as pessoas, deixando-as vulneráveis a quedas.
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Em 1995, o barranco, mais alto do que uma casa, desceu para dentro das residências vizinhas, após um dia chuva. Moradora do local, Michaela Moreira dos Santos lembra que até um crânio entrou na casa ao lado.
Para não fazer parte do cemitério, a família de Michaela construiu um muro em volta da residência, na tentativa de conter os deslizamentos de terra. Para isso, pagou mais de R$ 500 de IPTU.
Outro vizinho precisou tomar a mesma medida. Porém, os túmulos continuaram sendo construídos, e nem mesmo o novo muro, já torto pelo peso da terra, está conseguindo dar conta do recado.
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Além das duas casas muradas que fazem divisa com o cemitério, há uma terceira residência sem proteção alguma. Para Michaela, o terreno do local é um “bolo desandado” que pode desabar em um dia de chuva forte.
Defesa Civil ignorava situação
A Defesa Civil foi acionada, na tentativa de evitar o pior, mas o novo secretário, Ademir Farias, ainda não conhecia o problema:
– Vou olhar e fazer um relatório sobre a situação – disse Ademir, que está à frente da Defesa Civil há menos de um mês.
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Outros problemas
Além do iminente risco à vida, os moradores ainda precisam enfrentar outros problemas. Na fachada leste do cemitério, as casas são frequentemente alagadas com a água que desce das sepulturas. A umidade é normal na região, assim como as baratas e os ratos, que no verão invadem o entorno do local.
Uma situação que, segundo Michaela, é fonte de promessas em período eleitoral. De acordo com a moradora, a construção de um novo muro é algo rotineiro.
O secretário de Infraestrutura, Reni Schweitzer, diz que em setembro vai fazer uma limpeza no cemitério e dar atenção especial a esta situação.
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– Queremos fazer um muro em todo o entorno, mas não temos dinheiro – afirma.