A barragem de José Boiteux, no Alto Vale do Itajaí, atingiu 96,5% da capacidade após as chuvas se manterem persistentes na manhã desta sexta-feira (13). De acordo com a Defesa Civil, falta apenas 1 metro para a água retida alcançar o vertedouro da Barragem Norte e transbordar. 

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Apesar da água estar pelo limite, o órgão, por meio de nota, afirma que o vertimento de barragens é uma operação controlada e monitorada de perto por equipes técnicas. Além disso, os intervalos sem chuva devem contribuir para a normalização.

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“A barragem é projetada de forma estrutural para ir esvaziando o excesso de água de seus reservatórios pelo vertedouro. O fim das três séries de chuva forte deve fazer a barragem parar de verter em um curto espaço de tempo”, diz o texto. 

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Conforme a Defesa Civil, uma vistoria técnica feita pela Secretaria de Infraestrutura garantiu a segurança das estruturas que compõem a barragem de José Boiteux. 

Apesar do rio da cidade ter risco de elevação nos próximos dias, o órgão ressalta que não deve causar alagamentos na cidade. A Defesa Civil pontua que está monitorando constantemente a situação no local.

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E se transbordar? 

Mesmo com a água na barragem perto do limite, o professor da Universidade Regional de Blumenau (Furb) e doutor em Hidrologia, Ademar Cordero, diz que ainda é cedo para avaliar a situação, já que não se sabe se a barragem vai verter de fato e, caso aconteça, em quantos centímetros será. 

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Caso a água ultrapasse o limite projetado, Ademar afirma que o acumulado ainda leva até 17 horas para sair do local e atingir as regiões com moradores. 

— Não creio que vai verter mais de meio metro. Ou seja, vai ser pouco — analisa. 

Caso a barragem transborde, as cidades atingidas seriam José Boiteux, Ibirama, Apiúna, Indaial, Blumenau, Gaspar, Ilhota e Itajaí, respectivamente.

Barragem gera conflitos com indígenas

As duas comportas da barragem de José Boiteux foram fechadas em 8 de outubro. A estrutura é a maior de contenção de cheias de Santa Catarina e tem impacto direto no nível do Rio Itajaí-Açu na região de Blumenau. A decisão do governador, Jorginho Mello (PL), gerou polêmicas e conflitos entre Polícia Militar e indígenas da terra Laklanõ Xokleng, demarcada legalmente. 

Por consequência, quando chove, a área é inundada, moradias são afetadas e a comunidade fica ilhada. É assim desde 1992, quando a obra foi entregue pelo governo federal. Aliás, antes mesmo de ficar pronta, já foi motivo de briga.

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Os indígenas relatam que ao longo da história casas, escolas e plantações se perderam por causa da barragem. Citam, inclusive, mortes em decorrência das inundações. Desde então, cobram indenização por causa dos danos provocados pela construção. O Ministério dos Povos Indígenas acompanha o caso.

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