A barragem de José Boiteux, no Alto Vale do Itajaí, atingiu a capacidade máxima e começou a verter na noite desta sexta-feira (13), pela primeira vez na história. Segundo a Defesa Civil do Estado, o vertimento foi registrado às 22h05min.
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Ainda conforme o órgão, “o vertimento das barragens é uma operação controlada e monitorada por equipe técnica”. Além disso, o nível dos rios do Médio Vale do Itajaí estão baixando, e esse efeito não deve alterar a tendência.
Comporta da barragem de José Boiteux ”emperra” e operação termina pela metade
A Barragem Norte, em José Boiteux, é a maior do Estado: tem capacidade para 357 milhões de metros cúbicos de água, o dobro das barragens de Taió e Ituporanga, somadas. Ela também tem a maior capacidade de contenção de cheias. A estimativa é que a estrutura possa conter cerca de dois metros no Rio Itajaí-Açu, na região de Blumenau.
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Veja o vídeo do vertimento em José Boiteux
Leia também: O que está por trás do conflito que afeta a operação da barragem de José Boiteux
O fechamento das comportas ocorreu em meio a impasses entre governo do Estado e indígenas Laklanõ Xokleng, já que a estrutura está dentro da Terra Indígena, legalmente demarcada. Quando chove, a área é inundada, moradias são afetadas e a comunidade fica ilhada. É assim desde 1992, quando a obra foi entregue pelo governo federal. Aliás, antes mesmo de ficar pronta, já foi motivo de conflito.
Como forma de compensação, a Justiça Federal chegou a determinar, em 2003, uma série de ações, mas as demandas nunca foram cumpridas.
A barragem foi fechada no domingo (8), após o próprio governo do Estado dizer que não fecharia as comportas em José Boiteux por não haver segurança para a manobra. No último sábado (7), foi tomada a decisão de operá-la.
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Barragem de José Boiteux é fechada após horas de tensão e conflito com indígenas
O fechamento das comportas ocorreu após horas de tensão entre governo estadual e indígenas. Vídeos, publicados pelo NSC Total, mostram agentes disparando bombas de gás lacrimogêneo contra manifestantes.
Indígenas relatam desassistência
Moradores da Terra Indígena relatam falta de apoio de autoridades públicas e insegurança com a cheia. O governo de Santa Catarina contesta o relato dos indígenas sobre desassistência e afirma cumprir pedidos da comunidade.
Os apelos dos indígenas chegaram também, através da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), à Justiça Federal, que determinou, na quinta-feira (12), que o governo catarinense e a União comprovassem, em até 24 horas, o cumprimento de medidas de apoio aos moradores do território, endossadas pelo Ministério Público Federal (MPF).
Leia: Indígenas relatam desassistência e insegurança com barragem cheia em José Boiteux
Na segunda (9), a gestão Jorginho Mello (PL) informou ter fornecido cestas básicas e água para 969 famílias do território, em quantidades que a comunidade contesta, no entanto, ter sido insuficiente.
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O governo estadual afirmou ter oferecido três embarcações e uma ambulância para a TI, em condições, contudo, que também não atendem aos apelos dos indígenas. A própria Defesa Civil informou, ao NSC Total, que os barcos não corresponderam ao modelo pedido pela comunidade, o que teria sido o motivo para o atraso na entrega.
Veja fotos da barragem:
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