Uma pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Santa Catarina (Abrasel-SC) com 66 estabelecimentos do Estado aponta que 53% deles precisarão reduzir o quadro de funcionários diante do impacto da greve dos caminhoneiros. Em relação às vendas, na comparação de maio de 2018 com maio de 2017, o levantamento mostra que 81,8% tiveram queda na comercialização. Nos casos extremos, durante o período da paralisação, o desabastecimento e a imobilidade da população fizeram com que alguns locais não recebessem nenhum cliente no dia.
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A sondagem também revela que, diante desses efeitos, mais da metade dos bares e restaurantes estão com dificuldades de bancar a folha de pagamento, precisando recorrer a financiamentos bancários e, num segundo momento, terão incapacidade de pagar os impostos.
— O setor vem sentindo a crise nos últimos anos e a temporada foi abaixo da expectativa, então a paralisação dos caminhoneiros afetou muitos estabelecimentos que já estavam trabalhando no limite. Houve perda muito grande de faturamento, muitos tiveram que fazer demissões, tentando recuperar um pouco aquele mínimo (de saúde financeira) de antes da paralisação — diz o conselheiro da Abrasel-SC, Fábio Queiroz, destacando que bares e restaurantes têm feito o possível para amenizar os impactos com promoções para atrair clientes, mas que uma melhora significativa no setor hoje depende principalmente de uma retomada econômica mais vigorosa no geral.
Mesmo nos casos em que havia estoque ou que os insumos principais eram de fácil acesso os reflexos foram sentidos. Proprietária do Freguesia Oyster Bar, em Santo Antônio de Lisboa, na Capital, Carla Cabral Costa conta que os veículos do estabelecimento foram abastecidos e que não faltou ostra. O movimento de clientes nos dias da greve, porém, não passou de 10% do fluxo normal.
Sem demanda e com produtos comprados dos fornecedores mas não consumidos, o restaurante demitiu quatro pessoas nas últimas semanas para equilibrar as contas.
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— O impacto vai vir agora no caixa. Foram 10 dias parados, se você dividir o mês calcula que é 33% do faturamento, então caiu muito durante a paralisação. Agora para recontratar tem que dar uma recuperada. Nunca recebi tanta gente procurando emprego, há uma retração muito grande — comenta.