Um dos setores que mais sofreu com a crise econômica gerada pela pandemia foi o de bares e restaurantes. Profissões como garçons e cozinheiros foram prejudicadas com demissões e redução salarial. Contudo, o setor começa a se fortalecer e vislumbrar um horizonte positivo após três anos de Covid-19.
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Heryka Bessa, de 20 anos, foi uma das pessoas que conseguiu um emprego recentemente. Ela chegou em Joinville vinda do Maranhão em setembro do ano passado. Dois meses depois, foi contratada como auxiliar administrativa de um restaurante.
Em Joinville, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), houve um aumento de 5,26% no número de trabalhadores do setor em três anos em Joinville, equivalente a 480 pessoas:
- 2020 – 4.562 empregos
- 2021 – 4.860 empregos
- 2022 – 5.042 empregos
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Crescimento no consumo provocou retomada
A presidente do VivaBem – Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Joinville e Região, Ana Luiza Wetzel, alega que o bom momento se deve ao crescente consumo de bebidas e alimentos, que estava enfraquecido devido às restrições da Covid-19.
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De acordo com Wetzel, o prognóstico é positivo. Ela estima que o cenário vai aquecer por causa do anseio das pessoas em voltar a participar de eventos, como o Festival de Dança, e outras feiras que movimentam a economia joinvilense.
– Isso gira bares e restaurantes, as pessoas querem olho no olho. Estou esperançosa que [o consumo] vai ser muito melhor – comenta.
Consequentemente, essa volta à normalidade resultou numa grande circulação nos estabelecimentos e, assim, mais empregos foram gerados nesses espaços.
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A presidente do VivaBem informa que o tipo de vagas mais preenchidas são: garçom, cozinheiro e auxiliar de cozinha. Essa última é a função de Lidiane Machado, de 38 anos, que foi admitida em janeiro desse ano. Ela trabalhava em um local longe de casa e buscava uma oportunidade de exercer a profissão perto da residência.

Quem contratou Lidiane foi Graziele Socateli, gerente administrativa do restaurante do sogro, Osvaldo Nego, proprietário de um dos estabelecimentos mais conhecidos da zona sul de Joinville. Segundo Graziele, 15 pessoas foram contratadas desde o fim do ano passado. Apenas em maio foram gerados cinco empregos.
Grande rotatividade nas contratações
Apesar da situação favorável, Graziele aponta para algumas dificuldades em admitir funcionários. Os problemas mais recorrentes são: trabalhadores sem experiência, pessoas que não tem especialização e aqueles que não demonstram interesse em continuar nos cargos designados.
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– Antes [da pandemia] a rotatividade era quase zero, agora está sendo muito grande – comenta.
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Segundo a presidente do VivaBem, o desinteresse por parte de trabalhadores não é um caso isolado do restaurante que Graziele gerencia. Outros empresários fizeram a mesma reclamação para Wetzel.
Alegria de ver os negócios voltarem ao normal
A gerente administrativa afirmou que até a metade de 2021, o espaço passava por instabilidade financeira, mas com o avanço da vacinação eles perceberam que as atividades estavam voltando ao normal.
– É uma alegria, uma vitória, um alívio. É importante a retomada para colocar a casa em ordem, para poder pagar tudo que ficou [dívidas da pandemia] e continuar crescendo – comenta.
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A exigência de correr atrás do prejuízo entra em consenso com a perspectiva da presidente do VivaBem. Wetzel explica que um dos fatores que impulsionou as contratações foi a necessidade de abater os endividamentos.
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Prejuízos da pandemia
Os dias de estabilidade voltam a ocorrer após um duro golpe causado pela Covid-19. Apenas em 2020, houve mais demissões do que contratações no setor em Joinville, com 3.622 desligamentos e 2.890 admissões, apontam os dados do Caged.
Graziele alega que tentou segurar a equipe nos primeiros meses da pandemia, mas precisou fazer dez demissões no começo da crise por causa do fechamento temporário do restaurante.
– A gente é uma empresa familiar, sempre está aqui e junto com eles [funcionários], acaba fazendo parte da família deles, e vice e versa. A gente se envolve muito, para demitir é muito difícil, porque não é o que a gente queria – declara.
O estabelecimento de Osvaldo Nego, inaugurado em 08 de março de 1991, nunca havia fechado em 30 anos de funcionamento. Mas com a pandemia teve que ficar dois meses sem atender os clientes.
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Naquele período, o som de pratos e talheres foi trocado pelo silêncio naquele ambiente escuro e vazio. Osvaldo disse que não conseguia passar na frente do local e ver o restaurante fechado.
– Mexeu muito com o emocional da gente, foi um desgaste muito grande – comentou o proprietário.
Sob supervisão de Lucas Paraizo
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