Uma semana depois da lei dos canudos entrar em vigor em Joinville, os donos de restaurantes, bares, lanchonetes, hotéis e demais fornecedores de refeições começam a implantar alternativas ao uso dos canudinhos plásticos. Enquanto alguns estabelecimentos optam por opções biodegradáveis, outros suspenderam o uso.
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A norma que passou a vigorar terça-feira passada proíbe o uso dos canudos plásticos, mas espera pelo decreto de regulamentação, que segue em tramitação na prefeitura. O projeto que originou a lei é de Fabio Dalonso (PSD) e muda um dispositivo de 1993, determinando que os canudos precisam ser biodegradáveis ou recicláveis. Depois de regulamentada e detalhada é que a Vigilância Sanitária vai fiscalizar se, de fato, a lei está sendo cumprida.
Maior representante do setor na cidade, o VivaBem – SIHRBES – Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Joinville, lançou um informativo para 387 associados destacando a proibição e as alternativas que podem ser adotadas pelos comerciantes. O presidente do sindicato, Raulino Schmitz, diz que não houve resistência ao cumprimento e que é favorável à mudança.
– Seguimos o que determina a lei e, particularmente, acho a ideia bacana. A natureza agradece, porque é um material que demora anos para se decompor e que agora (em parte) deixa de ser jogado nos rios, nas matas e nas ruas. Além disso, a medida não deve onerar custos adicionais para os comerciantes –considera Schmitz.
O tema também é um debate antigo na Câmara Setorial de Gastronomia e Entretenimento da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). De acordo com o presidente do grupo, Samir Haidar, as 29 empresas que participam da entidade já vinham discutindo o fim dos canudinhos tradicionais em Joinville há pelo menos dois anos.
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– Quando iniciativas parecidas passaram a ser aplicadas nos grandes centros urbanos, como o Rio de Janeiro, nós já vínhamos nos preparando de que essa lei viria para cá, até por ser uma tendência hoje. Desde então, alguns já foram terminando os estoques existentes e substituindo por canudos degradáveis, enquanto outros optaram por suprimir o utensílio – afirma.
Locais começam a se adequar
Também proprietário de um empreendimento, Haidar diz que optou por suspender o envio dos canudos juntos dos drinks e demais bebidas servidos no estabelecimento. Segundo ele, a ideia é disponibilizar os canudos biodegradáveis apenas mediante solicitação do cliente. A proposta será implementada para valer a partir de 3 de maio, quando o restaurante abrir em novo endereço.
– Essa é uma medida que visa a evitar o desperdício, e notamos que a maioria dos clientes não está sentindo a falta do canudinho. A grande maioria quando solicita é para o uso das crianças – aponta ele.
A adoção dos canudos biodegradáveis também é estudada por José Lopes, dono de restaurante. Os clientes usavam de 2 a 3 mil produtos de plástico por mês.
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– Suspendemos o uso de forma paliativa e ofertamos canudo apenas quando o cliente solicita, mas trata-se de uma minoria. Também explicamos para o cliente que aderimos a obrigatoriedade da lei e a maioria já está entendendo os objetivos dessa mudança — relata.
A redução de custo também é sentida em outros estabelecimentos comerciais, onde o canudo deixou de ser usado e os proprietários estão pensando se irão aderir ao biodegradável. A avaliação inicial é de que a aceitação da bebida sem o canudo é a mesma de antes.
Impacto financeiro nos comércios
Nos estabelecimentos que optarem por materiais alternativos, a tendência é de haver um aumento de custo de quatro a cinco vezes ao que era gasto com cada pacote do canudo de plástico. Para quem servir “só no copo”, haverá economia a depender da quantidade anteriormente consumida.
A título comparativo, em uma fornecedora, por exemplo, hoje a embalagem com 3 mil canudos plásticos custa R$ 45,20. Ou seja, R$0,15 por unidade.
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Já de mil a 3 mi canudos oxi-biodegradáveis de seis milímetro gera um custo de R$ 0,07 por unidade, o que representa R$ 210 o pacote (4,6 vezes mais que o material plástico).
A opção por canudos de papel, por exemplo, sai ainda mais cara. Para encomendas de 2 mil a 5 mil canudinhos, a unidade é vendida a R$ 0,21, o que totaliza R$ 630 em uma compra de 3 mil peças (13,9 vezes acima do pacote do produto plástico).
Copos plásticos
Outro projeto em tramitação na Câmara prevê a proibição de copos plásticos que não sejam biodegradáveis em restaurantes, bares, quiosques, ambulantes, hotéis, trailers e food trucks em Joinville. O projeto de autoria do vereador Natanael Jordão (PSDB) está em análise na Comissão de Legislação. Para a Câmara de Gastronomia da CDL, caso a proposta seja aprovada, a tendência é de que a receptividade seja a mesma da lei dos canudos.