Uma operação do Ibama em Santa Catarina recolheu, nesta segunda-feira (19), 5322 quilos de ova de tainha obtidos ilegalmente. A apreensão da iguaria ocorreu após uma investigação ter identificado que um grupo de suspeitos estaria usando notas fiscais frias para fraudar pescados de origem criminosa.

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Um dos documentos falsos indicava, inclusive, que um barco abandonado à beira de uma estrada em Laguna, no Litoral Sul do Estado, teria sido usado para pescar 14 toneladas de tainha há duas semanas. A embarcação naufragou em dezembro, no entanto, e está completamente destruída desde então.

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— A origem que foi declarada para esse produto [ova] não é aquela que consta na realidade, então provavelmente foi feita a partir de uma pesca predatória, que contribui para dificultar a procriação da espécie da tainha — disse Paulo Maués, agente ambiental federal do Ibama, à NSC TV.

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A apreensão da ova de tainha foi feita em Porto Belo, no Litoral Norte, na empresa de congelamento de pescados que comprou a carga. O proprietário disse que não sabia que ela era ilegal.

— Não sabia nada de coisa irregular. Se eu soubesse não teria nem aceitado, certo? Nós compramos o pescado na boa fé, porque me apresentaram a documentação. Mas esperamos ser ressarcidos pelo dono da carga — disse o empresário Tamiji Yoshimura, também à NSC TV.

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O dono da carga foi identificado pelo Ibama e será multado em mais de R$ 2 milhões, valor calculado de acordo com a pesagem do que foi apreendido.

O Ibama ainda avalia que a mercadoria não ficaria no Brasil, já que, no mercado internacional, ela tem alto valor agregado por ser tratada como uma iguaria culinária. Ela geralmente é exportada para países da Ásia. De lá, também pode ser vendida para Europa, onde chega a valer até 300 euros o quilo (cerca de R$ 1.568).

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— Em um segundo momento, agora, nós vamos aprofundar as investigações para tentar identificar se existe alguma organização criminosa, se existem outras empresas, outros envolvidos nesse “esquentamento” do produto extraído ilegalmente — diz Maués, do Ibama.

— É um caso até inédito que a gente conseguiu identificar. Demonstra o tipo de fraude com que nós estamos lidando, que as pessoas hoje buscam um aspecto de legalidade para “esquentar” essa tainha que foi capturada de forma ilegal — emenda o agente.

A apreensão é mais uma que aconteceu dentro da Operação Mugil, comandada pelo Ibama desde o início de maio. Ela tem o objetivo de combater a pesca, o transporte e o beneficiamento ilegal em todos os estados que contam com a pesca da tainha.

Anteriormente, a operação apreendeu mais de 200 toneladas de tainha e de sua ova. Na semana passada, ela já tinha recolhido mais de oito toneladas do pescado, também com origem irregular.

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Desta vez, toda a ova apreendida foi doada para o Programa Mesa Brasil SESC de Joinville, que vai direcionar o alimento para instituições sociais da cidade.

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