O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Ayres Britto, abriu a 24ª sessão de julgamento do processo do mensalão. O ministro Joaquim Barbosa, relator da ação, começou a apresentar na tarde desta segunda-feira seu voto sobre o envolvimento do ex-ministro José Dirceu e o chamado núcleo político no esquema de compra de apoio político de parlamentares e ex-parlamentares para apoiar o governo Lula.
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Barbosa deve votar pela condenação de Dirceu pelo crime de corrupção ativa por ser o mentor do escândalo de compra de votos. Para chegar a essa conclusão, o relator reconstituirá toda a cadeia de fatos que levaria o mensalão para dentro do governo. O relator deve relembrar o contexto da vitoriosa eleição de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, com os problemas financeiros da campanha e as dificuldades de montar uma base de apoio parlamentar sólida ao governo recém-empossado.
O ministro vai relatar as negociações políticas com os partidos que teriam sido conduzidas por Dirceu, passando pelas reuniões na Casa Civil com dirigentes do Banco Espírito Santo e do Banco Rural na presença do empresário Marcos Valério ou tendo-o como intermediário. O primeiro banco teria sido procurado para saldar dívidas do PT e o segundo, usado pelo esquema para distribuir recursos às siglas aliadas.
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Ao votar pela condenação de Dirceu, Barbosa terminará de sepultar o que alguns ministros já consideram ultrapassado: a alegação de que o “valerioduto” foi um esquema para financiar despesas não contabilizadas de campanha. Prevalecerá entre os ministros, como admitem advogados e antecipam os magistrados, a versão de que o mensalão foi uma forma de o governo Lula, a partir de seu homem forte, Dirceu, formar uma sólida base de apoio.
Entre outros réus que serão julgados neste capítulo estão o ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro petista Delúbio Soares e o pivô do escândalo, ex-deputado e atual presidente do PTB, Roberto Jefferson. ê provável que o voto do relator seja concluído apenas na quinta-feira.
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