Uma gangue que vem espalhando o terror entre adolescentes de Lages está na mira da polícia. O grupo, formado por jovens com menos de 18 anos, caracteriza-se por espancar quem bem entende por motivos fúteis e, enquanto pratica as agressões, alguém grava para divulgar na internet. Estudantes da rede pública são as principais vítimas, e muitos deles estão trocando de escola ou deixando de ir à aula com medo de que algo pior lhes aconteça.

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A atuação da gangue veio à tona nesta quarta-feira, quando os pais de uma das vítimas espalharam pelas redes sociais um vídeo divulgado pelo próprio grupo após a agressão a dois jovens. Na gravação, o suposto líder da gangue, de 16 anos, acerta um soco e um chute no rosto de um garoto que está sentado e não esboça nenhuma reação. A data é incerta, mas o episódio ocorreu durante o dia no Parque Jonas Ramos, o Tanque, um dos mais movimentados de Lages, no Centro. Pelo Twitter, o jovem também faz comentários irônicos sobre as brigas e zomba das suas vítimas.

Imagens mostram atuação da gangue

Os pais de uma delas, que não está no episódio do vídeo, decidiram divulgar as imagens como um alerta a outros pais para que protejam os seus filhos da gangue, cuja “sede” seria no Bairro Gethal, um dos mais violentos de Lages.

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A intenção do militar do Exército André dos Santos, 40 anos, e da operadora de marketing Genicéia Camargo dos Santos, 37, é evitar que outros jovens sofram o mesmo que o seu filho de 14 anos. No dia 22 de agosto, o garoto e um amigo entregavam currículos em supermercados à procura de emprego quando foram surpreendidos pela gangue, que os espancou.

O adolescente sofreu sérios ferimentos no rosto e em todo o corpo e teve suspeita de traumatismo craniano. Agora, está com muito medo de sair de casa e ser atacado novamente. André e Genicéia já denunciaram os pais do suposto líder da gangue à polícia e irão acioná-los na Justiça.

– Dá muita raiva ver o seu filho sofrendo desse jeito por causa de um marginal – desabafa a mãe.

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Agressões são na rua, diz diretora

Geralmente, a gangue se concentra no fim da tarde, nas proximidades da Escola Nossa Senhora do Rosário, no Bairro Coral, onde o suposto líder estudava até poucos dias atrás e de onde o filho de André e Genicéia precisou sair, por questão de segurança. A agressão contra ele, inclusive, ocorreu quase em frente à escola.

A diretora, Elaine Costa, admite a existência da gangue e a possível participação de alguns dos seus alunos, mas garante que o grupo não atua dentro da instituição.

– A briga foi bem séria, mas fora da escola. Aqui dentro temos domínio sobre os alunos, mas, além dos nossos portões, não podemos garantir nada. Sempre que vimos a gangue nas proximidades da escola, acionamos a Polícia Militar para estar presente e, assim, inibir a atuação do grupo.

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A Polícia Militar também confirma a existência da gangue. O comandante do batalhão em Lages, tenente-coronel Adilson Moreira, diz que o setor de inteligência sabe do vídeo da agressão no Tanque e está identificando os membros do grupo para repassar as informações ao Ministério Público a fim de que a promotoria tome as providências cabíveis e necessárias inclusive contra os pais dos jovens. O comandante diz ainda que a PM está em constante contato com as escolas para realizar rondas e marcar presença nos horários de entrada e saída das aulas.

A reportagem do Diário Catarinense localizou o endereço do suposto líder da gangue, mas ninguém estava em casa para comentar as denúncias. O número de telefone não foi descoberto.