É impositivo que os cidadãos reajam com determinação. Não para entrar em luta com os bandidos, mas sim para cobrar mais ação dos governos, das forças de segurança e do Judiciário.
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O assassinato do taxista Robson Tiago Andrade, na madrugada de sábado, em Florianópolis, expõe a sensação de insegurança da população e a necessidade de uma ação permanente e intensiva para que, no dia a dia, a população fique menos exposta à ação de criminosos.
O crime evidencia também, mais uma vez, uma ameaça crescente de se fazer justiça com as próprias mãos. A sociedade não precisa de justiceiros. Precisa, sim, é de garantia de segurança por parte do poder público, de uma engrenagem que funcione com eficiência desde a prevenção até a investigação e punição dos crimes. Precisa igualmente de um sistema que não dê brecha para a impunidade – combustível que estimula o círculo vicioso da criminalidade em todo o país.
Este é o momento de solidariedade à família da vítima, mas também de união para reforçar um apelo contundente no sentido de que a polícia se empenhe na busca dos assassinos e para que a Justiça possa fazer sua parte, retirando-os do convívio social. Há também a preocupação de toda uma categoria, amedrontada e vulnerável.
Em depoimento ao Diário Catarinense, ainda no sábado, o presidente do Sindicato dos Taxistas de Florianópolis, Zulmar de Faria, descreveu um panorama angustiante, que não é recente: “Os assaltos ocorrem com bastante frequência, principalmente nas épocas de festa. Quando se aproxima o Carnaval, a gente fica apavorado”.
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E foi absolutamente transparente ao expressar o receio de que a lei de talião – sistema de penas da Antiguidade pelo qual o autor de um delito deveria sofrer castigo igual ao dano por ele causado – pudesse ser aplicada. “Se eles pegam quem fez isso, a gente não tem ideia do que vai acontecer”, alertou o sindicalista. Zulmar atuou como elo entre os colegas revoltados e as autoridades públicas, inclusive para impedir que o serviço à população fosse interrompido por causa da tragédia.
Pelo menos dois casos recentes de ação de justiceiros repercutiram nacionalmente neste início de 2014. Nos episódios – em 31 de janeiro na zona sul do Rio de Janeiro e em 13 de fevereiro em Itajaí -, os ladrões foram amarrados a postes e agredidos. As ações – amplamente apoiadas por cidadãos nas redes sociais e condenadas por psicólogos, sociólogos e especialistas em segurança pública – revelam uma falência do Estado de Direito que precisa ser revertida urgentemente.
Antes que tais descalabros se generalizem, é impositivo que os cidadãos reajam com determinação. Não para entrar em luta com os bandidos, mas sim para cobrar mais ação dos governos, das forças de segurança e do Judiciário.
Em meio à operação montada para o Carnaval, que mobilizou centenas de homens, merecem registro positivo a presteza e a disposição da Polícia Militar, que firmou, já na manhã de sábado, após protestos dos taxistas, um pacto pela segurança. Três itens principais foram estabelecidos:
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1) Uma operação de blitze, batizada de Quatro Rodas, com abordagens a táxis;
2) Um canal secreto de pedido de socorro entre a categoria e a polícia; e
3) Formação de uma comissão para acompanhar o andamento das investigações sobre ocorrências anteriores.
Este é o caminho: sociedade cobrando e atuando junto com as autoridades para buscar uma solução; e autoridades sensíveis às reivindicações e ágeis nas respostas.