Operadoras de internet de todo o país devem entregar, pelo menos, 20% da velocidade prometida em contrato. A taxa é pequena, mas a medida da Anatel que entrou em vigor nesta quinta representa um avanço por trazer ferramentas para o consumidor verificar a real velocidade disponível da banda larga, ter argumentos para negociar com as empresas e, caso necessário, recorrer aos órgãos de defesa do consumidor.
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A taxa de 20% refere-se transmissão instantânea (a velocidade disponível no exato momento de uso). Para a transmissão média (que considera o histórico recente de acessos), a velocidade mínima sobe para 60% do prometido. A Anatel anunciou um cronograma que prevê elevar esses índices até 2014, chegando a taxa instantânea de 40% do prometido e taxa média de 80% (veja quadro). Para conferir a velocidade oferecida, o consumidor pode acessar o site www.brasilbandalarga.com.br.
O presidente da consultoria Teleco, Eduardo Tude, aprova a estratégia da Anatel. Para ele, o aumento gradual da taxa permite que as operadoras se adaptem às exigências.
Tude ressalta que as atividades profissionais estão hoje totalmente dependentes da banda larga e este é um dos fatores para à melhoria da produtividade de um país.
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– Um bom exemplo são os profissionais que trabalham em casa ou em escritórios conectados a atividades realizadas nas mais variadas partes do mundo – destaca.
Maria Inês Dolci, coordenadora do Proteste – Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, também considera a medida positiva, mas como um primeiro passo. Ela defende que o consumidor deve exigir a velocidade total do contrato, mesmo que a punição para a empresa só esteja prevista no fornecimento abaixo do limite estabelecido pela Anatel.
– Se a empresa cobra pela velocidade máxima, é isso que tem que oferecer. O consumidor deve usar a ferramenta da Anatel para monitorar o serviço e usar os dados para argumentar com a empresa. Se o problema persistir, deve procurar os órgãos de defesa do consumidor – avalia.
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Consumidor mais exigente
As mudanças da Anatel chegam para atender a um público que exige cada vez mais velocidade na rede. O presidente da Associação dos Usuários de Informática e Telecomunicações (Sucesu) de SC, Joe Linder, acredita que a nova ferramenta da Anatel vai beneficiar, principalmente, consumidores residenciais e pequenas empresas.
Ele diz que empresas maiores costumam estabelecer em contrato a velocidade da internet e têm ferramentas próprias para monitorar o cumprimento do acertado.
A Cianet, de Florianópolis, cria esse tipo de ferramenta para empresas checarem a velocidade da banda larga da rede. O presidente da companhia, João Francisco dos Santos, diz que grupos maiores estabelecem cláusulas no contrato prevendo descontos da mensalidade em caso de fornecimento de velocidade abaixo do prometido pela operadora.
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Santos também vê a medida da Anatel como benéfica para todos os usuários da internet. Santos explica que o conceito de banda larga, no Brasil, é aplicado para velocidades acima de 1 Mega, o que ele considera um valor ainda baixo até para consumidores residenciais. E lembra que pesquisas apontam que a banda média no país é de 1,7 Mega.
– Hoje você quer enviar uma foto mais pesada, assistir vídeos no Youtube ou assistir filmes e isso exige velocidade. Ninguém quer menos de 10 Megas e as operadoras vão ter que atender essa demanda. A medida da Anatel é histórica e vai obrigar as empresas do setor a investirem mais em infraestrutura de rede – defende o empresário.