A banda catarinense Babba já se encontra em solo português para o show do dia 3 de março na Casa da Música, suntuoso espaço multicultural da cidade do Porto. É no além-mar que o quarteto de Florianópolis lançará o novo trabalho, compêndio de 15 canções gravadas sob a batuta do arranjador e produtor Carlos Trilha e dividido em três volumes: Agora Pós Tudo, Mudo Sentido Ambivalente e Vazio.

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O material estará à venda apenas na internet – a partir desta quarta-feira (26) por meio do serviço de compras do iTunes. Cada volume traz entre cinco e sete faixas, com sonoridades e identidades visuais distintas. A ideia de dividir o trabalho em três foi, segundo o guitarrista Mauricio Peixoto, resultado da imposição natural das composições:

– Como um álbum completo, as 15 canções não dariam certo, mas em alguns momentos elas dialogam. Foi então que pensamos em dividi-las por afinidades.

Foi no convite dos portugueses que o grupo enxergou o momento oportuno para dar a sua nova cara, reformulada com a produção dos três EPs gravados ainda no ano passado. A transposição de fronteiras geográficas ganha apenas um sentido simbólico frente a um processo maior de reinvenção estética e artística do projeto que surgiu em 2006. A Babba (ex-Andrey e a Babba do Dragão de Komodo) se desprende da influência titânica dos anos 1980 e se permite dar alguns saltos no tempo e nos limites herméticos – e assim se apresenta mais pop.

O fio condutor continua sendo a verve da poesia concretista do vocalista e letrista Andrey Mesmo, mas é a banda agora quem toma a direção melódica. Agora Pós Tudo, o volume que abre a trilogia, revela uma Babba leve e experimental. A boa surpresa é Os Roseirais, canção de sonoridade malemolente que Andrey resgatou do repertório que compunha à frente da banda Tijuquera. Mudo Sentido é a guinada ao pop, com os integrantes (além de Andrey e Peixoto, o baixista Márcio Costa, o guitarrista Alexandre Trevisan e o baterista Rodrigo Poeta, que deixou a formação após as gravações) influenciando diretamente nas composições. Peixoto, por exemplo, assume os vocais da radiofônica Com Amor É Mais Caro, composição de Rodrigo Lemos e por isso a que mais se destoa de tudo o que está ali.

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Com Vazio, o terceiro volume, o projeto se abraça novamente à sua origem: rock oitentista, nervoso e urgente. Tanto que se permite a trazer regravações de Nasça, o primeiro álbum de 2008 – a faixa-título e Senescência – e repete outras de trabalhos anteriores (Minto, Com Amor é Mais Caro e Nervos). Mas o resultado é muito mais rico, sobressaindo os novos arranjos e o acuro instrumental.

– O que define a banda é o conjunto de personalidades, e cada um que passou pela Babba ao longo destes anos trouxe uma sonoridade. Nós nos abrimos, nos desprendemos dos anos 1980 – diz Peixoto.

Nessa reinvenção do quarteto que tomou coragem de se apresentar como algo além de um “pastiche dos Titãs”, a produção do catarinense Carlos Trilha (Legião Urbana, Marisa Monte, Lobão, Ana Carolina e Renato Russo) e do carioca Fernando Morello foi determinante.

Tudo foi gravado no intervalo de uma semana, em maio do ano passado, no estúdio Órbita, de Trilha, no Rio de Janeiro. Ele se encarregou de administrar o tempo das gravações, mixar e masterizar, sendo que coube a Morello a não menos espinhosa tarefa de retrabalhar a dicção, afinação, mas principalmente a interpretação dos vocais.

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O trabalho estava concluído desde o final do ano passado, mas o grupo deixou que o tempo se encarregasse de prover o momento e a forma de lançamento. Ele agiu com urgência: veio o convite dos portugueses e, em janeiro, o suporte do Edital de Difusão do Ministério da Cultura para o custeio da viagem. Não havia mais por que esperar. No retorno da Europa, a Babba fará um show de lançamento “em casa”, na Célula Showcase.