Bancos privados compram a briga com públicos e anunciam redução de juros

Depois dos dois grandes bancos públicos brasileiros, Banco do Brasil e Caixa Econômica, quatro instituições privadas renderam-se à onda de redução dos juros, como havia planejado o governo federal. Itaú, Bradesco e Santander decidiram entrar na competição pelo consumidor e anunciaram nesta quarta, dia 18, reduções de juro em algumas modalidades de crédito. O HSBC já havia feito seus cortes na semana passada.

Especialistas do setor financeiro avaliam que, se essas instituições não fizessem nada para baixar suas taxas, poderiam perder clientes para os bancos estatais, em especial no atendimento a empresas. São justamente as empresas que têm o hábito de operar com diversos bancos e fazem comparações entre taxas, cobrando descontos.

Os públicos, inclusive, já contabilizaram os efeitos da redução. Desde o dia 12 de abril, o BB aumentou em 45% a média diária de desembolsos das linhas de crédito. E a Caixa registrou alta de 17% na concessão de crédito depois do lançamento do programa.

A dúvida agora é se o grande público vai ter acesso a essas taxas menores. Em todos os bancos, públicos e privados, os juros menores e os prazos maiores são oferecidos somente para quem já é cliente e, em certos casos, com algum tempo de casa.

Consultores em finanças e direito do consumidor afirmam que o primeiro passo é informar-se.

Um dos movimentos mais interessantes, agora, é fazer a portabilidade de alguma dívida. Não há custos para transferir uma dívida de empréstimo, financiamento, cartão de crédito ou cheque especial de um banco para outro. Mas, primeiro o cliente precisa conhecer o preço total das tarifas na nova instituição. E também, prezar pelo relacionamento construído com o banco atual.

Talvez ele até descubra que o seu gerente concorda em baixar as taxas para vencer a briga com a outra instituição. Veja abaixo algumas dicas para como sair ganhando nesta guerra dos juros.

Transferência das dívidas

Este é o melhor momento para quitar dívidas caras, segundo os especialistas. Se você tem um financiamento que está difícil de pagar em determinado banco, pode transferi-lo para o outro, que cobra taxas menores. Esta mudança não tem custo. Caso tenha uma dívida no cartão de crédito, a opção é fazer um empréstimo a juros menores na outra instituição para pagá-la.

Segundo o especialista em finanças do Ibmec, Felipe Leroy, as operações que utilizam o volume de crédito disponibilizado pelos bancos a juros menores são as que mais compensam neste movimento de redução de taxas. Esta é uma boa hora de fazer empréstimos e financiamentos. Priorizando, contudo, a quitação das dívidas.

O terapeuta financeiro Reinaldo Domingos diz, inclusive, que a melhor maneira de aproveitar as novas facilidades é fazendo uma faxina financeira. Do contrário, as atrativas taxas de juros podem até aumentar o seu endividamento.

Para Bolívar Gordino, professor de Finanças da FIA, o interessado deve tirar todas dúvidas em uma das agências do banco antes de fechar qualquer negócio.

Troco ou não de banco?

Os especialistas dizem que a mudança depende do perfil do cliente. Vale a pena quando o seu interesse é usar a linha de crédito do banco com taxas menores, fazendo empréstimos ou financiamentos. Ou melhor, transferindo uma dívida para o banco de juros mais baixos. Já para serviços comuns, como abertura de conta e cartão de crédito e débito, o impacto é mínimo, explica o professor da FIA, Bolívar Gordino.

Além disso, o relacionamento construído com a instituição da qual você já é cliente deve ser considerado antes de qualquer mudança, acredita a diretora do Proteste, especialista em direito do consumidor, Maria Inês Dolci. Ela lembra que não é tarefa fácil trocar de banco. Além da burocracia envolvida, será preciso começar do zero o relacionamento com o novo banco.

O terapeuta financeiro Reinaldo Domingos ressalta que o melhor a fazer, antes de escolher trocar, é saber qual seria o custo efetivo total das operações na outra instituição. A diretora do Proteste afirma que as taxas de cada serviço devem estar publicadas no site do banco. É normal que as páginas tenham simuladores, inclusive.