Todos os bancos do Chipre reabrirão nesta quinta-feira, depois da adoção de fortes medidas restritivas, entre elas a limitação de saque a 300 euros por dia. O objetivo é evitar uma fuga em massa de capitais, após o resgate acordado para a ilha por seus sócios da zona do euro. Os bancos estão fechados desde 16 de março.
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Nesta quarta-feira, o ministro das Finanças do Chipre, Michalis Sarris, publicou um decreto, válido por quatro dias, no qual limita os saques a 300 euros diários por cliente e por banco. Segundo uma porta-voz do Banco Central, Aliki Stylianu, as agências ficarão abertas de 12h às 18h hora local (07h a 13h de Brasília). Também abrirão as agências do Laiki e o Bank of Cyprus, os dois principais bancos da ilha e os mais afetados pelo plano de resgate internacional.
Pagamentos e transferências para o Exterior não poderão superar o limite de 5 mil euros por mês. Quem for viajar, poderá embarcar com apenas mil euros em espécie. Ainda segundo o decreto, cheques poderão ser somente depositados, e não compensados. Sarris justificou essas medidas “pela falta de liquidez substancial e pelo importante risco de fuga de capitais, com a possível consequência do colapso das instituições de crédito”. O decreto foi sancionado no momento em que cerca de 1,5 mil pessoas participavam de uma passeata rumo ao palácio presidencial em protesto contra o pacote da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Os clientes do Bank of Cyprus e do Popular (Laiki) Bank poderão sacar no máximo 120 e 100 euros por dia, respectivamente. Ambos os bancos foram incluídos no plano de resgate negociado entre as autoridades cipriotas e os credores da UE, FMI e do Banco Central Europeu (BCE). O Laiki Bank desaparecerá, e as contas do Bank of Cyprus com mais de cem mil euros serão taxadas, em princípio, em cerca de 40%.
– A cada dia que o sistema bancário fica fechado, a confiança das pessoas diminui, e elas querem retirar seu dinheiro. Assim, somos obrigados a impor essas restrições – explicou o presidente do Banco Central, Panicos Demetriades.
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O presidente do Chipre, o conservador Nicos Anastasiadis, que substituiu há menos de um mês o comunista Demetris Christofias, disse estar disposto a criar uma comissão encarregada de determinar as responsabilidades no desastre que castiga o sistema bancário e a economia cipriotas. As medidas adotadas para impedir a fuga de capitais também podem afetar a conta de estrangeiros.
Os bens russos no Chipre superam os 20 bilhões de euros, segundo estimativas da Moody’s. Na Grécia, país que também mantém estreitas relações econômicas com o Chipre, as agências dos bancos cipriotas Bank of Cyprus, Cyprus Popular Bank (Laiki) e Hellenic Bank abriram nesta quarta. Na véspera, os três passaram para o controle do Banco do Pireu. Neste cenário, a Bolsa de Atenas chegou a cair quase 7% na metade do pregão desta quarta e fechou em queda de 3,99%. Na terça, o principal índice da praça de Atenas já havia perdido 4,9%. O governo grego teme o contágio do país vizinho. As bolsas europeias também acompanharam com preocupação a situação no Chipre, com seus mais importantes índices fechando em queda nesta quarta. O mesmo aconteceu com o euro, que chegou a ficar abaixo de 1,28 dólar pela primeira vez em quatro meses.