No fim do ano passado, 53 alunos da Escola Municipal Professora Lacy Luiza da Cruz Flores, no bairro Itinga, na zona Sul de Joinville, economizaram R$ 400 em moedinhas.

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Parece pouco, mas é preciso lembrar que fizeram isso aos seis anos de idade, sem renda e com conhecimentos elementares de finanças.

Aliás, é possível que você, leitor, não tenha conseguido economizar os mesmos R$ 400 no fim do ano passado.

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Se não conseguiu, não se preocupe. Os R$ 400 são simbólicos. É apenas um exemplo e representa, na prática, o resultado de um projeto-piloto chamado educação financeira, posto em prática em 2015 em escolas de Joinville e Manaus (AM) e que, agora, recebe o primeiro reconhecimento.

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Esta semana, a Associação de Educação Financeira do Brasil (AEF-Brasil) e o Banco Mundial atestaram a eficiência do projeto.

Uma pesquisa mostrou que os alunos que participaram do projeto levaram para casa, e para a vida, uma série de conhecimentos e de ações que envolvem consumo, poupança, gastos domésticos e atitudes diante do dinheiro.

A avaliação de impacto realizada pelo Banco Mundial constatou que o programa realmente mudou a vida e o comportamento financeiro de 18 mil alunos do ensino fundamental.

– É de extrema importância verificar que os alunos efetivamente tiveram melhora no comportamento financeiro e em suas atitudes em relação a dinheiro, além da conquista de conhecimento técnico – diz Claudia Forte, superintendente da AEF-Brasil.

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Em resumo, os analistas do Banco Mundial constataram o aumento do nível de poupança dos jovens que passaram pelo programa. As famílias também foram beneficiadas, pois temas como orçamento, planejamento e taxas bancários entraram na pauta das conversas e decisões conjuntas de gastos por causa dos deveres de casa.

O relatório conclui, ainda, que esse resultado indica que jovens educados financeiramente podem contribuir para o crescimento de 1% do PIB do Brasil.

De acordo com a coordenadora do programa de educação financeira na Secretaria de Educação de Joinville, Andreza Faria Malewschik, em 2016 serão atendidas as 83 escolas de ensino fundamental da rede municipal de ensino.

– O projeto-piloto beneficiou e muito a compreensão de vários aspectos financeiros – salienta Andreza. Como exemplo, ela cita os cuidados com os gastos domésticos, a responsabilidade para com o cuidado e manutenção da escola, a compreensão dos conceitos de repensar, recusar, reduzir, reutilizar e reciclar, além de um aprendizado sobre a tomada de decisões corretas quanto a desejo ou necessidade.

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Com licenciatura plena em matemática, pós-graduação em metodologia do ensino de matemática e mestrado em educação, Andreza também coordena as atividades do Grupo de Educação Fiscal na rede municipal de ensino.

Da história do dinheiro ao consumo

A Escola Municipal Professora Lacy Luiza da Cruz Flores, no bairro Itinga, foi apenas uma das mais de 40 escolas de Joinville envolvidas no projeto.

A proposta de levar conhecimentos de finanças para os alunos foi um desafio aceito com naturalidade e prazer pela professora Adriana Rafaela Corrente Pereira.

Ela liderou as duas turmas envolvidas na proposta. Todos alunos de seis anos que tiveram noções básicas, desde a história do dinheiro, até atitudes práticas como economizar e ir ao mercado fazer compras.

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– Foi muito gratificante perceber como eles entenderam e levaram para casa e para a vida de suas famílias – diz a professora, que ainda recebe manifestações de pais impressionados com a importância que os filhos estão dando para a economia doméstica.

De acordo com a professora, a economia de R$ 400 foi uma ação que mostrou, na prática, como é importante economizar.

– A gente guardou o dinheiro num porquinho e foi fazer compras – diz George Emanuel, um dos 53 alunos envolvidos na escola da zona Sul.

Na outra ponta da cidade, na escola Escola Municipal Eladir Skibinski, a professora Carlas Pawluk classifica como um presente a oportunidade que teve de participar do projeto.

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– Possibilitar que os alunos recebam conhecimentos sobre educação financeira é despertar neles uma consciência crítica em relação ao consumismo e à sustentabilidade, à arrecadação de impostos e à justa aplicação dos recursos públicos para a melhoria da vida em comunidade – disse.

Segundo a professora, o projeto despertou o interesse dos estudantes e proporcionou muitos benefícios.

Alguns números*

– 112 escolas municipais de ensino fundamental dos municípios de Joinville (SC) e de Manaus (AM) – 47 de Joinville – participaram do projeto-piloto

– 427 professores foram treinados e trabalharam diretamente com o material didático

– 18 mil alunos foram abrangidos pelo programa em 2015

– Houve um aumento aumento de 1% do nível de poupança dos jovens que passaram pelo programa

– 21% dos alunos fazem uma lista dos gastos todos os meses

– 4% dos alunos negociam os preços e meios de pagamento ao realizarem uma compra

– O resultado indica que jovens educados financeiramente podem contribuir para o crescimento de 1% do PIB do Brasil.

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– 40% de todos os professores avaliam que houve melhorias quanto a aspectos financeiros

– 50% indicam ter melhorado em outros aspectos da educação

(*) Os dados tem informações de edições anteriores do programa, que incluem os estados do Ceará, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Tocantins e do Distrito Federal.