O Banco do Empreendedor, instituição de microcrédito direcionada a empresários que operam na informalidade, incorporou, no começo deste ano, a Casa do Empreendedor, de Joinville.
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Atua em 20 municípios e quer chegar a outros cinco até dezembro. Juntas, as duas instituições já emprestaram R$ 23 milhões e têm 8,5 mil clientes ativos. Donos de salões de beleza e sacoleiros são os que mais procuram financiamento junto à organização.
Os empréstimos, que variam de R$ 200 a R$ 20 mil, são voltados a quem tem dificuldades de acesso a crédito pelas vias mais conhecidas junto a bancos comerciais.
A organização é comandada pelo ex-presidente da Federação das Associações de Micro e Pequenas Empresas (Fampesc), o joinvilense Luiz Carlos Floriani, que reconhece que a atividade envolve riscos.
Floriani, de 56 anos, é graduado em administração de empresas e foi empresário por 27 anos. Atualmente, é diretor-superintendente do Banco do Empreendedor e vice-presidente do Ciee-SC e da Amcred-SC. Também presidiu a Ajorpeme (1998) e a Fampesc (1999/2000).
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MICROCRÉDITO
– Em 1999, surgiu o Programa Crédito de Confiança, criado pelo Badesc, numa parceria com Sebrae e Fampesc. Isso ocorreu justamente porque a demanda por financiamento a juros menores começou a crescer. Foi a base que permitiu o aparecimento de organizações dedicadas ao microcrédito.
O Banco do Empreendedor, de Florianópolis, iniciou em outubro daquele ano. No começo de 2014, absorveu a Casa do Empreendedor, de Joinville. Hoje, há 16 unidades da organização da sociedade civil de interesse público (Oscips) no Estado.
JURO ZERO
– O Programa Juro Zero do governo estadual, desde que iniciou, em novembro de 2011, fez 814 operações, somando empréstimos de R$ 2,23 milhões. Só no ano passado, para a Casa do Empreendedor, foi aplicado R$ 1,13 milhão em 418 negócios de microcrédito. Somados, os negócios da Casa do Empreendedor e do Banco do Empreendedor representam 25% dos financiamentos feitos via Programa Juro Zero no contexto de microfinanças.
TAMANHO
– O Banco do Empreendedor tem 7,1 mil clientes ativos e a Casa do Empreendedor, outros 1,4 mil. Juntas, as duas instituições já emprestaram aproximadamente R$ 23 milhões a empreendedores informais ao longo destes anos. Neste período, o Banco do Empreendedor comprou, também, unidades de microcrédito em São José e em Caçador. O tomador de empréstimo é aquele que não consegue captar recursos em bancos comerciais porque são exigidos dados cadastrais e de regularidade fiscal, que os informais não conseguem comprovar.
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LIBERAÇÕES
– Estão previstos investimentos de R$ 165 mil na readequação de instalações, abertura de outras, melhorar a capacitação dos profissionais e as instalações físicas. No conjunto, os agentes que trabalham na liberação de crédito em Joinville, São Francisco do Sul, Jaraguá do Sul, Mafra, São Bento do Sul e Garuva têm meta de conceder empréstimos no valor total de R$ 9,95 milhões.
ALTO RISCO
– Emprestar para microcrédito é operação de alto risco. Nós fazemos visitas presenciais aos empresários, ouvimos suas histórias. Acompanhamos de perto suas vidas e seus planos de negócios. O efeito é o aumento de autoestima deles. Além de fazermos análise da situação pessoal do candidato ao empréstimo, evidentemente que o custo gerencial das Oscips é bem inferior ao dos bancos tradicionais. As Oscips cobram juros que variam de 2,95% a 3,90% ao mês. Este é o custo efetivo total.
MASSIFICAR
– A incorporação da Casa do Empreendedor pelo Banco do Empreendedor permitirá a massificação dos negócios. Dessa forma, vamos nos preparar para cobrar juros de 2,5% ao mês. Ainda não sofremos a concorrência de agentes internacionais de fomento. No Nordeste, o Banco Azteca, do México, já disputa fatia do mercado.
INADIMPLÊNCIA
– O Banco do Empreendedor paga, ao Badesc, juros anuais de TJLP mais 5% ao ano, o que significa aproximadamente 1% ao mês. A inadimplência dos nossos clientes – considerando-se desde o primeiro dia de atraso – é de 2% apenas. Emprestamos de R$ 200 a R$ 20 mil. No ano passado, a média de valor financiado foi de R$ 4 mil.
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SETORES
– Em Joinville, os setores que mais pedem empréstimo são salões de beleza, sacoleiras, revendedores de produtos porta a porta, mercearias pequenas e oficinas mecânicas. Em Jaraguá do Sul, São Bento do Sul e em Brusque predominam facções. O microcrédito é dirigido a quem tem dificuldades de acesso a crédito pelas vias mais conhecidas junto a bancos comerciais.
INSTITUTO
– Ainda temos outros planos. A Casa do Empreendedor, absorvida, se tornará um instituto. Vai atender a demandas sociais. Até 15% do superávit do ano poderão ser usados em ações em bairros onde predominam clientes e pessoas de baixa renda e onde é grande a exclusão social.
REFORMA
– O Banco do Empreendedor está lançando produto novo no mercado: financiamento para reforma de casas. É dinheiro para assalariados. O valor máximo a ser financiado será de R$ 10 mil.
ESTADUALIZAÇÃO
– Planejamos estadualizar a atuação do Banco do Empreendedor. Até agora, há unidades em 20 municípios. Até o final do ano, queremos chegar a 25. O sonho, bem mais distante, é viabilizarmos a criação de uma instituição financeira – o primeiro banco de microcrédito no Brasil. Se conseguirmos isso em 2020, será excelente.
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