O governo federal anunciou que vai cancelar o patrocínio do Banco do Brasil à Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação, mais conhecida como Agrishow, em Ribeirão Preto, após um mal-estar gerado pela presença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no evento.
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— Na medida em que o evento perde sua característica institucional e na medida em que houve essa descortesia com o ministro e com o Banco do Brasil que iria acompanhá-lo no evento, não se justifica mais o patrocínio — afirma o ministro da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta.
Mais cedo, o ministro Márcio França (Portos e Aeroportos) contestou o patrocínio da instituição dizendo que, se os organizadores não querem o governo federal na feira, não sabia se o banco deveria continuar patrocinando o evento. O Banco do Brasil foi procurado, mas não se manifestou até a publicação deste texto.
A organização da Agrishow, por meio de sua assessora de imprensa, informou que não vai comentar o assunto enquanto não for notificada oficialmente pelo banco.
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O Banco do Brasil é um dos principais agentes financeiros que participam como expositores da Agrishow. Neste ano, o banco tem previsão de gerar R$ 1,5 bilhão em negócios na feira agrícola.
Antes mesmo da Agrishow, foram promovidas ações comerciais em 377 eventos, mobilizando produtores rurais e empresas do agro para a realização de negócios, o que é visto como um ponto importante para impulsionar as negociações.
O banco disse ainda que, na safra 2022/2023, liberou R$ 154 bilhões em créditos — 29% mais que na safra 2021/2022, com 500 mil operações em mais de 5.000 municípios. Sete em cada dez negócios foram fechados com agricultores familiares (Pronaf) e médios produtores (Pronampe).
Havia expectativa de que o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, estivesse na abertura da Agrishow, principal referência em tecnologia agrícola na América Latina. Mas o ministro decidiu não participar
É tradição que o titular da Agricultura compareça ao primeiro dia de evento, especialmente no início de novos governos.
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Na terça-feira (25), uma conversa entre a direção da Agrishow e Fávaro terminou em impasse. O presidente da feira, Francisco Matturro, informou ao ministro que Bolsonaro participaria da abertura e que isso poderia causar algum tumulto ou constrangimento por manifestações contrárias ao governo — o agronegócio, em sua maioria, apoiou Bolsonaro na eleição do ano passado.
Segundo relato à Folha de S.Paulo, Matturro sugeriu que Fávaro participasse da feira na terça (2), quando haverá reunião da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).
A conversa desagradou ao ministro e, desde então, o governo passou a considerar não participar do evento.
A ausência frustrará o setor, já que havia a expectativa de que o titular da pasta anunciasse linhas de crédito para o agronegócio e desse detalhes da elaboração do Plano Safra 2023/24, que deve ser anunciado em junho.
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Lula já não era aguardado, mas havia a expectativa de que ele fosse representado também pelo seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), ex-governador paulista e que era visita habitual ao evento.
O convite para Bolsonaro visitar Ribeirão partiu do presidente do Sindicato Rural de Ribeirão Preto, Paulo Junqueira, que também preside a Associação Rural de Ribeirão e é vice-presidente da Associação Rural Vale do Rio Pardo (Assovale).
A ida à Agrishow marcará a primeira viagem do ex-presidente após retornar ao país. Bolsonaro deverá desembarcar no aeroporto de Ribeirão no início da tarde de domingo (30), mas sua agenda ainda não foi divulgada.
Ruralistas disseram que ele participará de um churrasco numa fazenda. Em redes sociais e grupos de aplicativos de celular, apoiadores do ex-presidente têm afirmado que ele poderia participar de uma motociata, de uma reunião com sua base política e até mesmo do último dia do Ribeirão Rodeo Music, que acontece na cidade.
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Por Renato Machado, Matheus Teixeira e Marcelo Toledo
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