As folhas coladas na porta do Banco do Brasil da rua 18 de Julho em Luis Alves alertam: não estamos trabalhando com dinheiro, nem pagamentos, nem recebimentos. Dentro da agência bancária, seis funcionários, dois vigilantes e apenas uma pessoa aguardando atendimento com alguns cheques na mão. Antes mesmo de passar pelo detector de metais, os clientes são avisados pelos funcionários de que não há transações em dinheiro. Esse serviço pode ser feito só nos Correios, na lotérica ou em uma cooperativa de crédito. As atendentes recebem ligações de correntistas e a resposta soa igual.

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– Só transações com débito em conta ou cheque. Dinheiro não dá – fala uma das funcionárias do banco.

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Do outro lado da cidade, moradores aguardam em fila nas agências dos Correios e lotérica, que contam com dois atendentes em cada um dos estabelecimentos na maior parte do dia. A rotina de quem paga contas em Luis Alves mudou depois da onda de furtos e roubos no Banco do Brasil nos últimos três anos. Em 2013, os moradores já começaram a sentir dificuldades em fazer saques e pagar contas em dinheiro. Após o último assalto ocorrido dia 28 de dezembro, quando três homens invadiram a agência armados e encapuzados e levaram dinheiro que havia nos caixas, o banco tomou a decisão de não aceitar mais valores em dinheiro. De acordo com o gerente da agência, foram registradas sete ocorrências em três anos:

– Ocorreram duas explosões em caixas eletrônicos, um assalto, dois cortes com maçarico no caixa eletrônico, um sequestro de uma familiar de um gerente e o roubo de um caixa eletrônico. Sentimos falta de segurança pública na cidade. Não há rondas ostensivas.

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O comandante da Polícia Militar de Luis Alves, Gedeão Casas, diz que não há como fazer rondas em função do baixo efetivo. Hidelberto Wick, 47 anos, se desdobra para fazer as tarefas bancárias. Tira extratos nos Correios, paga contas nas lotéricas e vai a Piçarras e Barra Velha para fazer transações ou saques mais elevados.

– Está uma bagunça. Já fiquei das 11h às 15h na fila dos Correios. Dá vontade de mudar de cidade – desabafa Wick.

Um funcionário dos Correios afirmou que o movimento triplicou e houve acúmulo de função para os servidores públicos que antes só costumavam enviar cartas. O que mais preocupa o atendente é a segurança da agência, onde não há detector de metais, nem vigilantes. Segundo ele, na época de pagamento moradores chegam a ficar até três horas na fila do lado de fora da agência para pagar contas e fazer saques.