É no colo da mãe que a fragilidade dos bebês costuma encontrar conforto e guarida em sua forma mais plena. Mas essa segurança materna que parece inabalável às vezes é ameaçada por dúvidas ou dificuldades que surgem em um dos momentos de maior conexão com o filho: a amamentação.
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A psicóloga Maite Westarb, 30 anos, teve dificuldade para amamentar nos primeiros dias do filho Joaquim, ainda no hospital. Quando tinha uma semana de vida, com a produção de leite já normalizada, ela precisou reforçar a amamentação depois que a pele do pequeno ganhou uma coloração mais amarelada.
Com leite de sobra, ela se lembrou do trabalho de um órgão que conheceu 10 anos atrás, ainda nos tempos de faculdade, e passou a ser doadora do Banco de Leite Humano de Blumenau. Ela tira o leite auxiliada por uma máquina que conseguiu com uma amiga enfermeira e armazena seguindo as orientações do Banco de Leite, que recolhe o alimento e distribui para os hospitais. Lá, o leite materno das doadoras ajuda a fortalecer crianças nos casos em que as mães enfrentam algum problema na produção ou amamentação.
Hoje Joaquim está com quase quatro meses e Maite se prepara para aprender a ficar longe do primeiro filho e voltar ao trabalho em uma confecção, na cidade de Pomerode. Ontem, dia em que o Banco de Leite de Blumenau completou 20 anos, ela voltou ao local, desta vez para pegar orientações sobre como transportar, armazenar e oferecer o leite materno ao menino durante os horários em que estará longe. Com um boneco, as técnicas orientaram como os familiares deverão alimentar um bebê com o copinho de leite na ausência da mãe.
– Tinha muita vontade de ser mãe e amamentar fazia parte disso, estudei muito sobre aleitamento. No hospital, precisei por dois dias (de leite) e não tive, então sei da importância. É bem gratificante poder dar um retorno daquela ajuda que recebi – conta.
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27 mil mulheres assistidas em 20 anos
Maite é só um dos exemplos de mulheres que ajudaram ou foram ajudadas pelo Banco de Leite Materno. Nessas duas décadas de atividades, o órgão já auxiliou a relação de mães e filhos com mais de 27 mil mulheres atendidas. Foram ainda 24 mil visitas domiciliares para a coleta do leite fornecido por 12,3 mil doadoras. Ao todo, foram arrecadados, armazenados e distribuídos 23,2 mil litros de leite, que atenderam 15 mil bebês nascidos em Blumenau e região.
Um suporte que hoje assiste a pais como Gustavo e Saionara Hausmann. O primeiro filho deles, Lucca, tem apenas dois dias, e as experiências iniciais de amamentação causaram algumas fissuras e pequenas lesões.
Por indicação do próprio médico e das enfermeiras, os dois foram ao Banco de Leite e saíram mais tranquilos, com orientações para estreitar esse vínculo entre mãe e filho que o ato proporciona.
As informações repassadas pelas profissionais do Banco de Leite Materno são quase tão importantes quanto os quase 200 litros de leite recolhidos por mês pela instituição com as cerca de 100 doadoras, moradoras de Blumenau, Gaspar, Indaial, Pomerode e Timbó. Foi o que atraiu, por exemplo, Tauhana Koerich.
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Quando o filho Bernardo, hoje com dois meses, apresentou dificuldade de se adaptar à amamentação, Tauhana recorreu às dicas das técnicas que garantir mais sintonia entre os dois para o esperado momento da amamentação.
– Esse vínculo entre mãe e filho é muito gostoso, é um momento único na vida de qualquer mulher, é algo que empodera a mulher – afirma.
Semana de Aleitamento Materno alerta a sociedade
A atenção ao aleitamento materno ganha atenção este mês. O assunto é a estrela principal da Semana Mundial de Aleitamento Materno, que começa hoje e segue até a próxima terça-feira. O assunto também motivou a criação de mais um mês colorido destinado à preocupação com a saúde, desta vez a campanha Agosto Dourado. Tudo para conscientizar pais e mães sobre a importância da amamentação.
– À medida que foi crescendo o trabalho do Banco de Leite Humano de Blumenau, as pessoas se conscientizaram mais sobre esse assunto. Os próprios pais passaram a recomendar a outros pais, dizendo que auxiliou. Vai passando de boca a boca e aumentando a conscientização de todos – conta a técnica de Enfermagem Joanide Feltrin.
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Nas próximas duas semanas, dois eventos prometem reunir mães e reforçar esse alerta para a importância dos nutrientes do leite materno para a formação e desenvolvimento do bebê. Um deles é A Hora do Mamaço, que é aberta ao público e ocorre no domingo, 10h, no Parque Ramiro Ruediger.
O outro é o Seminário Regional de Aleitamento Materno do Médio Vale do Itajaí. A ação reúne profissionais e trabalhadores da área da saúde, no dia 15, na Escola Técnica do SUS.