Pressionado pela inflação, que em junho superou o teto da meta do governo, o Banco Central deve anunciar nesta quarta-feira nova alta na taxa básica de juros (Selic), atualmente em 8% ao ano. Ainda que não seja a principal aposta do mercado financeiro, o aumento de 0,75 ponto percentual provocaria uma mudança nas regras da caderneta, possibilitando ganhos maiores.
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Atualmente, a poupança rende 70% do juro básico mais Taxa Referencial (TR). Essa redução foi acionada em maio de 2012, quando a Selic caiu para 8,5%. A preocupação do governo era evitar uma migração em massa para a caderneta, em razão da perda das vantagens de investimentos atrelados à Selic. As regras anteriores – rendimento mensal de 0,5% (6,17% ao ano) mais TR – voltarão a valer quando a Selic superar 8,5%.
– Os juros estão subindo, e em algum momento irão reativar a regra antiga – analisa Carlos Tadeu de Freitas, ex-diretor do Banco Central e economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio.
A maior parte das instituições financeiras aposta que o BC elevará a Selic em 0,5 ponto percentual quarta-feira (o que manteria o atual rendimento da poupança), com expectativa de que a taxa encerre o ano em 9,25%. Mesmo sob a atual remuneração, a caderneta tem batido recordes de captação.
– Opções de renda fixa, como CDBs e fundos, são atraentes apenas para quem tem mais dinheiro para investir, que conseguem taxas de administração menores ou rendimentos mais altos – explica Gilberto Braga, professor de finanças do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec).
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Especialistas em finanças pessoais, no entanto, sugerem que o investidor procure opções mais rentáveis mesmo diante da mudança no rendimento da poupança. Isso por que, mesmo que volte a pagar o mínimo de 6,17% ao ano, a caderneta poderá não cobrir o IPCA de 2013. Em 12 meses, o índice de inflação oficial já chega a 6,7%.
Veja a valorização de R$ 1 mil investidos ao longo de 12 meses e simulações conforme diferentes níveis da Selic
Agora (8%)
Poupança antiga*: R$ 1.061,68 (6,17%
Poupança atual*: R$ 1.055,40 (5,54%)
CDB**: R$ 1.057,40 (5,74%)
Tesouro Direto: R$ 1.061,43 (6,14%)
Fundo de renda fixa***: R$ 1.051,92 (5,19%)
8,25%
Poupança antiga*: R$ 1.061,68 (6,17%)
Poupança atual*: R$ 1.057,12 (5,71%)
CDB**: R$ 1.059,18 (5,92%)
Tesouro Direto: R$ 1.063,42 (6,34%)
Fundo de renda fixa***: R$ 1.053,92 (5,39%)
8,50%
Poupança antiga*: R$ 1.061,68 (6,17%)
Poupança atual*: R$ 1.058,83 (5,88%)
CDB**: R$ 1.060,97 (6,1%)
Tesouro Direto: R$ 1.065,42 (6,54%)
Fundo de renda fixa***: R$ 1.055,92 (5,59%)
8,75%
Poupança antiga*: R$ 1.061,68 (6,17%)
Poupança atual*: Passa a valer a regra da poupança antiga, R$ 1.061,68 (6,17%)
CDB**: R$ 1062,76 (6,28%)
Tesouro Direto: R$ 1067,41 (6,74%)
Fundo de renda fixa***: R$ 1057,92 (5,79%)
*Não leva em consideração a variação da Taxa Referencial (TR)
**CDB com rentabilidade de 90%
***Com taxa de administração de 1,5%
Obs.: poupança antiga refere-se a depósitos efetuados até 3 de maio de 2012 e a atual, a partir de 4 de maio de 2012
Fonte: Samy Dana/FGV