A possível redução de estímulo econômico nos Estados Unidos fez o dólar disparar na manhã desta terça-feira. A pressão da moeda americana obrigou o Banco Central a interferir no mercado de câmbio por mais duas vezes. Desde o início deste mês, foram oito intervenções.
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A reunião do Banco Central americano (Federal Reserve, o Fed), que começou nesta terça-feira e termina amanhã, deve decidir sobre a taxa de juros do país, que hoje é praticamente zero, e sobre a continuidade de estímulos. O Fed recompra, mensalmente, US$ 85 bilhões em títulos públicos a fim de injetar recursos na economia.
Com a expectativa que a instituição passe a gastar menos na compra de títulos públicos, o dólar abriu em alta no mercado brasileiro e atingiu a maior cotação em quatro anos: R$ 2,186.
Foi quando o Banco Central entrou no mercado, com um leilão de títulos vinculados à moeda americana. A operação é conhecida como swap cambial tradicional. O efeito passou rápido e pouco depois, o BC teve que fazer outro leilão. Ontem, a autoridade monetária nacional já havia interferido no mercado de câmbio quando a moeda americana chegou a R$ 2,178.
Para a economista Débora Morsch, diretora da Zenith Asset Management, a autoridade monetária está tentando suavizar a apreciação da moeda americana, situação que ocorre em todos os mercados emergentes.
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-O dólar em um patamar mais alto é interessante para aumentar a competitividade da indústria brasileira. Mas uma variação muito forte pressiona a inflação. O que o BC faz é tentar diminuir o ritmo de avanço, não pará-lo- afirma.
Na semana passada, na tentativa de conter o avanço do dólar em relação ao real, o governo também zerou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre os investimentos de estrangeiros em renda fixa no país.
O avanço da moeda americana preocupa o governo brasileiro porque muitas matérias primas usadas na produção no Brasil são cotadas em dólar, como soja e milho. Se o dólar sobe, há o risco de pressionar a inflação.
– Com o juro real mais baixo, o mercado brasileiro ficou menos atrativo para estrangeiros. E isso limita o efeito das medidas do governo para conter o dólar – afirma Débora.
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