O Banco Central Europeu (BCE) reduziu hoje a taxa básica de juros na zona do euro em 0,5 ponto percentual, para 1,5%. Os juros, como tinham previsto os mercados financeiros, ficam com este rebaixamento no nível mais baixo desde a introdução da moeda única europeia, em 1999.
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O BCE também reduziu a facilidade marginal de crédito, usada para a concessão de créditos overnight por bancos centrais nacionais, de 3% para 2,5%, e a facilidade de depósito, que remunera depósitos overnight em bancos centrais nacionais, de 1% para 0,5%.
As decisões adotadas hoje pelo Conselho do BCE na reunião realizada em Frankfurt serão aplicadas a partir de 11 de março. Este novo corte dos juros tem como cenário de fundo uma recessão que está sendo mais forte do que o esperado e as dúvidas crescentes sobre a solidez do sistema bancário europeu e de alguns membros da zona do euro.
Sobre isso, o comissário de Assuntos Econômicos e Monetários da União Europeia (UE), Joaquín Almunia, declarou na terça-feira que o bloco conta com instrumentos para evitar a quebra de um país na zona do euro que podem ser aplicados antes que seja necessário pedir ajuda ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
A forte deterioração da situação orçamentária em alguns membros do euro está obrigando estes países – Irlanda e Grécia, principalmente, mas também Itália, Portugal e Espanha – a pagar mais por suas emissões da dívida. A decisão do BCE de levar as taxas de juros a um terreno desconhecido em sua política monetária se explica na preocupante evolução dos principais indicadores macroeconômicos.
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O BCE apresentará hoje suas próprias previsões econômicas para o próximo trimestre na zona do euro, um quadro que, segundo os analistas, prevê um aumento do desemprego, atualmente em torno de 8%, e não descarta inclusive a temida deflação. A Comissão Europeia e o BCE descartaram até agora que a deflação seja uma ameaça para a eurozona.
Os preços detiveram sua queda, em fevereiro, fazendo subir a inflação em um décimo, para 1,2%. Os analistas preveem que o BCE considerará em suas previsões trimestrais uma inflação de 0,6% este ano e de 1,7% em 2010.
Esse quadro econômico obrigará o BCE, segundo os analistas, a uma nova redução da taxa de juros, para 1%, no segundo trimestre do ano. Para alguns conselheiros do BCE, entre eles o presidente do Bundesbak (banco central alemão), Alex Werber, o teto às reduções aplicado à entidade europeia desde outubro está em 1%, por isso ainda haja margem de manobra. Estados Unidos, Canadá, Japão e Suíça estão com os juros em torno de zero e o Reino Unido cortou hoje os seus para 0,5%.