Horas depois de a presidente Dilma Rousseff encaminhar ao Congresso mensagem com itens do plebiscito para a reforma política, a bancada do PMDB da Câmara fechou questão contra a proposta.
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Em uma reunião em que nem assessores puderam participar, parte dos peemedebistas criticou a iniciativa de Dilma, considerada uma manobra para desviar a atenção dos protestos nas ruas.
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Em nota, a bancada se posicionou a favor de uma consulta popular, mas apenas em 2014. No debate junto com a sociedade, eles defendem que deverá constar temas como reeleição, tempo de mandato, pacto federativo e sistema eleitoral.
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– A população não quer ser enganada. Não há tempo hábil de se votar nenhuma medida a não ser que seja consenso para 2014. E dificilmente uma proposta que dependa de Emenda Constitucional terá consenso – afirmou o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), após a reunião.
Sobre o clima de discussão no encontro, o peemedebista resumiu:
– Foram três horas e vinte minutos de pancadaria.
Dentro da sala de uma das Comissões da Casa, parlamentares do partido se revezaram nos microfones com ataques ao governo federal e análises “ácidas” sobre a condução política da presidente Dilma.
Alguns chegaram até a propor uma reavaliação da aliança com o PT nas eleições de 2014, o que rendeu aplausos dos mais exaltados. Além das palmas, não faltaram discursos em tom de chacota.
– Estamos discutindo a troca da roupa do morto? – ponderou um.
– Vamos evitar o abraço dos afogados – disparou outro.
Redução de ministérios
Do lado de fora, o deputado Newton Cardoso (MG) verbalizou o descontentamento de alguns.
– A aliança está em xeque sim – afirmou.
No encontro também ficou decidido que os peemedebistas passarão a adotar um discurso pela redução do número de ministérios.
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Ao ser questionado se o partido estaria disposto a oferecer seus ministros para o sacrifício dos cortes, o vice-líder do PMDB, Danilo Forte (CE), disse:
– Se quiserem levar os cinco do PMDB, podem levar porque eles não valem um.
Por traz do discurso de cortes na Esplanada está a tentativa dos parlamentares de devolver a “batata quente” ao Palácio do Planalto, mudando o foco sobre o debate do plebiscito para o tamanho da máquina governamental e seus 39 ministérios.
Segundo peemedebistas ouvidos, há também um sentimento de que Dilma “ultrapassou os limites” ao propor no plebiscito temas que são da alçada apenas do Congresso, como o fim da suplência para Senadores e o fim do voto secreto.